domingo, 9 de agosto de 2009

17- Um clube para além fronteiras

Por ser uma vila do interior, Campo Maior não escapou aos efeitos nefastos provocados por alguns fenómenos sociológicos que se verificaram no início da década de sessenta. Neste período, a guerra colonial levava os mais novos para os campos de África. Simultaneamente, começava o êxodo de pessoas para as grandes cidades do litoral e para o estrangeiro.

Tal como noutras localidades portuguesas, onde as dificuldades económicas mais se faziam sentir, também em Campo Maior se verificou um enorme êxodo de pessoas, procurando no estrangeiro melhores condições de vida. Fruto desta situação criaram-se vários aglomerados de imigrantes campomaiorenses nalguns países, principalmente na Europa. Bélgica, França e Luxemburgo, foram os destinos privilegiados pelos Campomaiorenses, que ainda hoje ali se encontram radicados.

Embora distantes, nunca esqueceram a sua terra natal e com ela mantêm contacto, normalmente através da imprensa, acompanhando tudo o que por lá vai acontecendo. E o fenómeno desportivo, nomeadamente o futebol, amplamente divulgado pelos quatros cantos do mundo, não é naturalmente esquecido. Entre outras coisas, será, naturalmente, um prazer e uma honra para qualquer Campomaiorense emigrado ver o clube da sua terra na televisão e nos jornais.

O espírito de sacrifício e abnegação destas gentes, aliado à vontade e necessidade de manter laços estreitos com a sua terra natal, levaram a que a comunidades emigradas nos vários países se organizassem por forma a manterem vivos os seus usos e costumes. A necessidade de manter vivas as suas origens fizeram com que estas pessoas se organizassem, das mais variadas formas, quer a nível cultural quer desportivo. Era necessário, e imperioso, ocupar as horas de lazer com actividades desta natureza, promovendo essencialmente o convívio entre todos aqueles que se encontravam, e encontram, longe da sua terra natal.

E assim nasceu o Sporting Clube Campomaiorense de Bruxelas, a primeira e única filial do clube até ao momento. Tudo aconteceu no ano de 1982 quando um grupo de campomaiorenses radicados naquele país se juntou e decidiu organizar-se, em torno da actividade desportiva, com o principal propósito de fomentar o convívio entre as diversas comunidades emigradas.

Inicialmente o clube, que contava nas suas fileiras apenas com campomaiorenses emigrados, dedicava-se a organizar jogos de convívio com outras comunidades originárias de Portugal, que já existiam, como era o caso do Futebol Clube do Porto ou do Boavista. A partir de então o Sporting Clube Campomaiorense passou também a ser conhecido além fronteiras. O entusiasmo foi tanto que, no ano seguinte, em 1983, os fundadores e responsáveis pelo clube, decidiram filiar-se na Associação Trabalhista de Futebol na Bélgica. Com muito esforço e alguma ajuda do “clube mãe” o Campomaiorense de Bruxelas começou a participar nos campeonatos organizados pela referida Associação. Ano após ano, o emblema de Campo Maior foi conseguindo a sua afirmação nesta competição, até que, na época de 1997/1998 conseguiu sagrar-se campeão da quarta divisão da Associação de Futebol Trabalhista da Bélgica.

Para além do êxito conseguido além fronteiras, defendendo o emblema do clube da sua terra, os campomaiorenses radicados em Bruxelas não ficaram alheios aos êxitos conseguidos pelo Campomaiorense em Portugal. A prova mais evidente disso mesmo foi dada no ano em que, pela primeira vez, o Sporting Clube Campomaiorense conseguiu ascender à primeira divisão nacional. No dia da consagração desse feito, expressamente vindos de Bruxelas, os responsáveis da filial do clube na capital da Bélgica, deslocaram-se a Campo Maior para participar na festa e oferecer uma lembrança aos dirigentes, marcando com este gesto a sua presença num dia histórico para o Campomaiorense.

Devido à iniciativa e esforço de um grupo de campomaiorenses emigrados na Bélgica, que criaram a primeira filial do clube, naquele país, bem se pode dizer que, hoje, o Sporting Clube Campomaiorense é um clube conhecido, respeitado e com prestígio, também além fronteiras.

Sede do Campomaiorense em Bruxelas


Emigrantes presentes na festa da subida


Equipa do Campomaiorense de Bruxelas

uma obra de Joaquim Folgado e Francisco Galego