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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A Associação de Futebol de Portalegre


Fundada em 29 de Outubro de 1911, a Associação de Futebol de Portalegre é a mais antiga da província e a segunda do país.
Naquele ano de 1911, foram o Sport Clube Bombeiros Voluntários de Portalegre, o Sport Clube Bombeiros Robinson, o Sport Lisboa e Portalegre e o Sport Clube Esperancense, os clubes que deram vida à Associação de Futebol de Portalegre.
Todos os clubes já desaparecidos, no entanto cimentaram na cidade de Portalegre e no seu distrito a prática, o gosto e o desenvolvimento do Futebol.
O primeiro Presidente da Direcção foi Álvaro Coelho de Sampaio, professor liceal de ginástica, tendo como Secretário-Geral Leopoldo José Mocho, excelente defesa do Sport Lisboa e Benfica, que para Portalegre fora transferido em serviço dos Correios e Telégrafos. 
Ambos são figuras de destaque nos primeiros passos da Associação de Futebol de Portalegre.
A fotografia representa a primeira Direcção da AFP

Noticia retirada daqui

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Breve Historial do Futebol Clube do Crato



2011/2012 - Naquilo que seria a sua terceira participação no Nacional da 3º Divisão e perante as expectativas criadas em redor duma equipa que vinha fazendo uma boa pré época, eis que surge um diferendo de verbas a atribuir ao clube por parte do Municipio e depois de ter iniciado o campeonato com uma derrota por 1-0, frente ao Ginásio de Alcobaça, a direcção do clube, por falta de apoio financeiro demite-se e o clube desiste assim do campeonato nacional da 3ª divisão época 2011/2012.

2010/2011 - Na sua segunda presença no Nacional da 3ª Divisão, o FCC, conseguiu a manutenção e só por uma derrota 3-1 nas Caldas da Rainha ( num jogo em que até esteve a ganhar por 1-0) não foi apurado para disputar a fase final de acesso à 2ª Divisão B.
Foi uma grande prestação do FCC, com os seguintes destaques:
Indio, aos 37 anos, foi ainda e sempre que jogou o esteio de uma defensiva que com apenas 33 golos sofridos em 32 jogos ( exactamente os mesmos que o Caldas, vencedor da série E ) foi o garante da manutenção conseguida na Terceira Divisão Nacional.
João Vitorino, foi o treinador que até hoje conseguiu a melhor classificação de sempre no historial do FCC.
42 pontos conseguidos em 32 jogos, é uma excelente percentagem ( 43,75 % ) um trabalho de campo desenvolvido e muito bem coadjuvado por Tiago Caldeira , João Pedro Vitorino, Mario Matos e Luis Carrilho .
João Farto, o jovem vindo do Sport Nisa e Benfica, foi uma das grandes revelações do FCC.
A sua juventude, aliada à garra, luta e uma capacidade fisica impressionante, fazem dele um dos atletas com mais futuro no distrito de Portalegre.
Luis Romão,um guarda redes seguro e pedra fulcral, a par do seu irmão gémeo, Fábio Romão, no centro da defesa, na solidez defensiva que a equipa patenteou ao longo do campeonato.
Contratado já com a época a decorrer ( no mercado de Inverno),o caboverdiano Carlos Vaz, mostrou ser um excelente reforço e alguma codícia pelo golo, acabando mesmo ( com 5 golos ) por ser o melhor marcador do FCC.

2009/2010 - O FCC desce ao Distrital, para vencer novamente esta competição e sagrar-se assim pela segunda vez, Campeão Distrital da AF Portalegre, no jogo decisivo o FCC venceu o Atletico Fronteirense por 2-1.
O FCC foi ainda o brilhante vencedor da Taça da AF Portalegre, ao vencer na final em Portalegre, o Estrela, por 2-1.

2008/2009 - Ano de estreia do FCC em provas nacionais ( Nacional da 3ª Divisão, série E)
Para a história ficará esta primeira passagem do FCC pelo Nacional da 3ª Divisão, em que o clube não conseguiu os seus objectivos desportivos, pese o facto de ter começado com uma excelente vitória em Lisboa (3-1 , frente ao Futebol Benfica) e ter terminado com outra vitória ( 4-1 no Cacém ) mas em contra partida soube cativar todos aqueles que nos visitaram e assistiram a jogos que para sempre serão recordados tal a forma como todos eles foram vividos, plenos de emoção e incerteza nos resultados ( vidé uma derrota 3-2 frente ao Portimonense um dos históricos do futebol nacional, depois de ter vencido o Electrico FC por 2-1).
O plantel do FC Crato era composta na sua maioria por jogadores do melhor que havia nesta série E da 3ª Divisão, alguns com provas já dadas noutros clubes, outros , autênticas esperanças do futebol, naturalmente que se cometeram alguns erros nesta ou naquela aquisição, nesta ou naquela dispensa, falharam-se golos de baliza aberta, houve erros tácticos, em seis jogos seguidos levamos golos nos primeiros cinco ou dez minutos, aquele empate com o Câmara de Lobos, depois de estar a ganhar por 2-0 ao intervalo; aquele 0-0 frente ao 1ª de Dezembro, na penúltima jornada, num jogo que teria de ser impreterivelmente ganho, só estas duas percas de pontos teriam dado para ganhar o nosso grupo de manutenção e ficar na 3ª Divisão.
Mas o jogo de futebol tem destas coisas, é composto também por estes erros, muitas vezes jogou-se bem e também não ganhou o melhor , por vezes há que contar com infelicidades várias ( no primeiro jogo no Cacém, os nossos jogadores acertaram (5) cinco !!! vezes na trave) e o FCC contou nesta época com tudo aquilo que de negativo em termos futebolisticos poderia ter acontecido a uma equipa que se estreava nestas andanças e que no minimo precisava de um pouco de sorte. Desde um inicio conturbado, com estranhas dificuldades e burocracias federativas na inscrição de jogadores, chegaram a estar sete jogadores lesionados em simultaneo, até à lesão de Claudemiro ( provavelmente o jogador mais valioso deste plantel ), fractura do perónio à 14ª jornada e que jamais viria a jogar,quando a equipa vinha numa franca recuperação de seis jogos a pontuar, apenas tendo sido travada no célebre escândalo do Pina Manique, no tal jogo que teve 112 minutos e que durou até que o Casa Pia marcou o golo da vitória até a um sem número de castigos aplicados sem dó nem piedade por um conselho de disciplina de critérios muito duvidosos da F.P.F., passando por arbitragens deploráveis e vergonhosas aqui mesmo no Municipal e que passavam a autênticos escândalos quando fora dele ( salvando honrosas excepções, evidentemente) do qual o exemplo mais recente foi o roubo de Sintra, ante o 1º de Dezembro em que de uma assentada um tal Miguel Jacob da AF Setubal expulsou tres jogadores cratenses, reduzindo a equipa a oito jogadores, mas mesmo assim não conseguiu derrotar os briosos jogadores do Crato, que acabaram empatando 1-1.
Muito mais haveria para escrever, aqueles que de uma ou de outra forma acompanharam esta equipa sabem perfeitamente do que falo e jamais aceitarão esta descida de divisão como normal e natural...nada disso !!...o FC Crato foi simplesmente empurrado para fora do Campeonato Nacional da 3ª Divisão, por gente sem nível e sem escrúpulos, com um elevado déficit ao nivel do que é o saber estar no desporto e que usaram de todos os meios que estavam ao seu alcance para o fazer, valendo-se da inexperiência e do bom senso de todos aqueles que dirigiram e jogaram com a maior dignidade, elevando sempre o nome do Crato ao seu mais alto nível.
Por responder e como corolário desta inesquecível passagem pelo Nacional da 3ª Divisão, ficará a seguinte pergunta:
Mesmo com todas as vicissitudes com que o FCC se debateu ao longo da época, se nos deixassem...até onde poderia ter ido esta equipa ???

2007/2008 - Com um novo Estádio e com excelentes condições de trabalho, o futebol senior sagra-se Campeão Distrital e sobe pela primeira vez no seu historial ao Campeonato Nacional da 3º Divisão, após tremeda luta com o FC Monfortense e com o Atletico Fronteirense. O titulo foi assegurado na penultima jornada com um empate a 0-0 em Gáfete, depois de na antepenúltima jornada o FCC ter obtido a vitória mais importante e decisiva deste campeonato ao vencer o seu mais directo rival ( FC Monfortense) por 2-1, com dois golos de Pedro Canário ( o melhor marcador do campeonato, com 26 golos). Indio , foi considerado o melhor jogador do campeonato.

2006 - O FCCrato participou no campeonato distrital de Futsal fazendo uma época bastante razoável, terminando na quinta posição, apesar do mau inicio de época, talvez derivado á falta de experiencia nesta modalidade.

2002 - O FCCrato , iniciou no passado dia 20 de Agosto os trabalhos de preparação da sua equipa de futebol sénior com vista á época a iniciar em 22 de Setembro, de salientar que o FCCrato disputa a zona norte da 1ªdivisão.

2000 - FCCrato a praticar um futebol bonito mas demasiado ingénua, pela sua juventude no entanto apesar da classificação não ser a mais condizente com o valor da equipa, há a destacar: Rui Alcino, um craque do melhor que se tem visto no Crato; Sérgio Sola, um excelente jogador polivalente; Luís Caldeira, com um pé esquerdo de categoria; Francês, um ponta de lança que está em todas e ainda Joel, esta época o grande esteio da equipa na posição de trinco.

1999 - No inicio de época depositava-se muitas esperanças na equipa de seniores, tal a valia do seu plantel, porem a equipa terminou num modesto sexto lugar. Outra desilusão esta equipa de juniores de quem se esperava uma prestação muito superior.

1998 - A equipa de juvenis de andebol do F.C.Crato venceu espectacularmente o torneio somando por vitórias os jogos realizados. Na final disputada no Pavilhão Municipal de Portalegre, perante reduzida mas empolgante assistência a equipa do F.C.Crato com uma segunda parte demolidora a levar a assistência ao rubro, venceu e convenceu o Boa Fé de Elvas, por 19-11, com extraordinárias exibições do guarda-redes Nuno Dias e do central Saramago que á sua conta obteve 13 golos.
Fazem parte desta excelente equipa os seguintes elementos:  
Técnicos: Hélder Rodrigues, Nuno Filipe e Fernando Marques.
Jogadores: Nuno Anselmo Dias, Sérgio Merecês, Sérgio Costa, João José Saramago, João Santos Saramago (capitão), João Ricardo, Carlos Martins, Rogério Chambel, Pedro Farraia, Marco Machado e Carlos Cardoso. Parabéns a todos pela forma que se bateram e souberam dignificar a camisola do FCCrato.

1997 - Ressurge o F.C. Crato, agora a disputar o campeonato distrital da 2ª Divisão e a dar muito boa conta de si, numa equipa onde impera a juventude, bem apoiado por dois ou três jogadores mais experientes, a fazerem um bom campeonato. O F.C.Crato conta ainda com uma equipa de juniores, bem como uma equipa de sub 13.

1991 - Depois de um interregno, reaparece o futebol no Crato, mercê do surgimento do C.C. Crato, que após duas épocas na 2ª Divisão, arranca brilhantemente 3º lugar no campeonato da 1ª Divisão, faziam parte desta equipa: Cabana (Morais), Carita, Alcino, Sola e Grilo, António Augusto, Miguel e Mereces; Madeira, Aníbal e Chiquinho. Jogavam ainda: João Carlos, Célio, Nuno Ângelo, Ganhão e Américo.

1976 - Campeonato Distrital da 1ª Divisão, num jogo emocionante, onde Madeira no lado direito fazia furor, rematando por três vezes à trave e obrigando o guarda-redes Bento, do Sousel, a fazer a exibição da sua vida, jogavam nessa altura: Saba (Severino), Pratas, Mendonça, Sola e Jaime, Miguel cabeças, Belmiro e Luís, Madeira, José Luís e Zebra. Jogavam ainda: Midões, Carrilho, Carrajola Gatinho e Rui Galvão.

1970 - Arranca o andebol de 7, com uma equipa espectacular, reforçada com alguns elementos do Colégio de Portalegre, de onde se destacava como excelente guarda-redes, o até há bem pouco tempo o Governador Civil de Beja, António Saleiro, referia-se a esta equipa depois de vencer todos os jogos que disputou, haveria de ser derrotada na final, disputada no Pavilhão Gimnodesportivo de Portalegre, pelo Boa Fé de Elvas, por um golo de diferença, depois de uma arbitragem altamente tendenciosa, a prejudicar o Crato, do principio ao fim.
No Futebol, pela equipa da FNAT, alinhavam: Roldão (Mário Antão), Zé Maria, Miranda, Zé do Ouro e Belo, Jaime Apolinário e Praça, Ratinho, Morgado, Ganhão e Saraiva.

1969 - Campeonato Distrital de corta-mato, Mário Antão, sagra-se brilhante vencedor nas provas de Portalegre, Fortios e Terrugem, depois na Covilhã e já a contar para o Nacional da especialidade, o referido atleta foi 87º classificado, entre 3500 participantes.
No futebol, os Bombeiros Voluntários, arrancaram com uma equipa para desfrutar o distrital de juniores, eis os jogadores: João Maria, Testa, Miranda, Pereira, e Jaime Aparício, José Maria e Zé Leandro, João Jacinto, Morgado, Correia e Raposo, jogavam também: Barrocas, Cardoso, Caldeira, Vinagre, Raul e Policarpo.

1967 - Surge o Andebol de onze e o Voleibol, com destaque para a segunda modalidade, onde nomes como: TóZé Leilão, Dionísio, Manuel Sequeira, Antº Rato; Américo Romão, Filipe Conceição, Carlos Antunes e outros se destacaram, conseguindo o titulo de campeões distritais. Ainda no mesmo ano e no que diz respeito ao futebol, a FNAT organizava os campeonatos regionais e formaram a equipa: Manuel Pepe, Jacinto, Rocha, Sequeira e Silvério; Zé Nicolau e Abelha; Águas, Zé Latas, Fernando Pastor e Chico Maia. Alinhavam ainda: Mário Antão; Zé Maria, João Madeira, ToZé, Zé Rosa, Carletas, Eduardo, Patalino, João Carretas e Damas.

1965 - No Rossio, disputavam-se campeonatos de Atletismo, com lançamento do peso, dardo, salto em altura e outras disciplinas;  ao mesmo tempo em Ténis de Mesa o Crato vencia o Alter, por 3-0, uma equipa composta por: Eng.º Ferreira, Zé Rato e João Gaspar.

1955 - Campeonato regional, o F.C. Crato na primeira mão perde em Arroches por 3-0, para na segunda mão, no Casqueiro Belo Morais, com uma das maiores enchentes de sempre, bater o Arroches por 2-0, num jogo de má memória, com uma arbitragem a prejudicar escandalosamente o Crato, invalidando três golos limpos, no final registaram-se incidentes de alguma gravidade, tendo o árbitro sido recolhido em braços para o Hospital em Portalegre, onde, permaneceu em coma durante algum tempo. Desta equipa, entre outros, faziam parte; Pepe, Aniceto, Caldeira, Atílio e Berardo; J. Ouro e João Faceira; Manuel Correia, Ismael, Jacinto Bucha e Maldito.

1954 - Inauguração do ringue de patinagem, com exibição de patinagem artística, pela credenciada Edite Cruz, patinadora do Sport Lisboa e Benfica, seguiram-se dois jogos; em que o Crato e o hóquei de Abrantes, empataram a 1-1, enquanto o Estremoz e a selecção de Lisboa, empataram em 2-2. Nesse mesmo ano o Crato foi convidado e disputar um torneio a Abrantes em que foi derrotado por 7-6 pelo Abrantes e por 3-1, frente ao Rossio de Abrantes, de salientar o fraco equipamento usado pelos nossos hoquistas, em comparação com os muito mais evoluídos abrantinos, que dias antes tinham averbado uma derrota por apenas 2-1, frente à selecção da Argentina, 2º classificado do Mundial disputado nesse ano; a equipa cratense, superiormente treinada por José Serrano, alinhava José Bucha e Francisco Caldeira, na baliza, e o Manuel Crispim, João Rosa Gaspar, José Narciso, Rafael Mariano, António Mariano, Mário Areia e José Carrilho, como jogadores de campo.


1953 - Em 13 de Abril de 1953, é inaugurado o Campo de Jogos Casqueiro Belo Morais, depois de muito esforço e dedicação de muita gente para conseguir custear uma obra de 20 contos de réis e para a qual partiram com um fundo de manieo de 3.388$00, grangeados numas festas em beneficio do futebol; neste jogo de inauguração o Crato bateu o Tamagal, por 3-2, com o campo repleto de espectadores.

1950 - Em 1 de Novembro de 1950, o F.C. Crato faz o seu primeiro jogo, vitória por 9-1, frente à turma de Fronteira Manuel Correia (Manuel D'Avô), foi o primeiro marcador da história do F.C. Crato.

1942 - No Campo do Rossio o Sporting Clube da Casa do Povo defronta o Sporting Clube de Portugal, em partida que os Leões de Lisboa de Lisboa, venceram por 9-1, de salientar que o golo Cratense foi obtido na primeira jogada, depois de um excelente cruzamento de Zé Maria da Graça, que Abel Ferreira conclui superiormente, batendo o boquiaberto e categorizado guarda redes Dores.
Ainda no mesmo ano o Sporting Clube da Casa do Povo obteve espectacular vitória frente ao Rossio de Abrantes, a Militar da 3ª Divisão, um concludente   5-1, originou uma festa que meteu invasão de campo e baile até de madrugada. Também por esta altura é fundado o comércio e indústria que foi extinto depois de disputar alguns jogos amigáveis.

Dados fornecidos por: João M. Roma.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Breve historial do FC Crato



 
2011/2012 - Naquilo que seria a sua terceira participação no Nacional da 3º Divisão e perante as expectativas criadas em redor duma equipa que vinha fazendo uma boa pré época, eis que surge um diferendo de verbas a atribuir ao clube por parte do Municipio e depois de ter iniciado o campeonato com uma derrota por 1-0, frente ao Ginásio de Alcobaça, a direcção do clube, por falta de apoio financeiro demite-se e o clube desiste assim do campeonato nacional da 3ª divisão época 2011/2012.

2010/2011
 - Na sua segunda presença no Nacional da 3ª Divisão, o FCC, conseguiu a manutenção e só por uma derrota 3-1 nas Caldas da Rainha ( num jogo em que até esteve a ganhar por 1-0) não foi apurado para disputar a fase final de acesso à 2ª Divisão B.
Foi uma grande prestação do FCC, com os seguintes destaques:
Indio, aos 37 anos, foi ainda e sempre que jogou o esteio de uma defensiva que com apenas 33 golos sofridos em 32 jogos ( exactamente os mesmos que o Caldas, vencedor da série E ) foi o garante da manutenção conseguida na Terceira Divisão Nacional.
João Vitorino, foi o treinador que até hoje conseguiu a melhor classificação de sempre no historial do FCC.
42 pontos conseguidos em 32 jogos, é uma excelente percentagem ( 43,75 % ) um trabalho de campo desenvolvido e muito bem coadjuvado por Tiago Caldeira , João Pedro Vitorino, Mario Matos e Luis Carrilho .
João Farto, o jovem vindo do Sport Nisa e Benfica, foi uma das grandes revelações do FCC.
A sua juventude, aliada à garra, luta e uma capacidade fisica impressionante, fazem dele um dos atletas com mais futuro no distrito de Portalegre.
Luis Romão,um guarda redes seguro e pedra fulcral, a par do seu irmão gémeo, Fábio Romão, no centro da defesa, na solidez defensiva que a equipa patenteou ao longo do campeonato.
Contratado já com a época a decorrer ( no mercado de Inverno),o caboverdiano Carlos Vaz, mostrou ser um excelente reforço e alguma codícia pelo golo, acabando mesmo ( com 5 golos ) por ser o melhor marcador do FCC.

2009/2010
 - O FCC desce ao Distrital, para vencer novamente esta competição e sagrar-se assim pela segunda vez, Campeão Distrital da AF Portalegre, no jogo decisivo o FCC venceu o Atletico Fronteirense por 2-1.
O FCC foi ainda o brilhante vencedor da Taça da AF Portalegre, ao vencer na final em Portalegre, o Estrela, por 2-1.

2008/2009
 - Ano de estreia do FCC em provas nacionais ( Nacional da 3ª Divisão, série E)
Para a história ficará esta primeira passagem do FCC pelo Nacional da 3ª Divisão, em que o clube não conseguiu os seus objectivos desportivos, pese o facto de ter começado com uma excelente vitória em Lisboa (3-1 , frente ao Futebol Benfica) e ter terminado com outra vitória ( 4-1 no Cacém ) mas em contra partida soube cativar todos aqueles que nos visitaram e assistiram a jogos que para sempre serão recordados tal a forma como todos eles foram vividos, plenos de emoção e incerteza nos resultados ( vidé uma derrota 3-2 frente ao Portimonense um dos históricos do futebol nacional, depois de ter vencido o Electrico FC por 2-1).
O plantel do FC Crato era composta na sua maioria por jogadores do melhor que havia nesta série E da 3ª Divisão, alguns com provas já dadas noutros clubes, outros , autênticas esperanças do futebol, naturalmente que se cometeram alguns erros nesta ou naquela aquisição, nesta ou naquela dispensa, falharam-se golos de baliza aberta, houve erros tácticos, em seis jogos seguidos levamos golos nos primeiros cinco ou dez minutos, aquele empate com o Câmara de Lobos, depois de estar a ganhar por 2-0 ao intervalo; aquele 0-0 frente ao 1ª de Dezembro, na penúltima jornada, num jogo que teria de ser impreterivelmente ganho, só estas duas percas de pontos teriam dado para ganhar o nosso grupo de manutenção e ficar na 3ª Divisão.
Mas o jogo de futebol tem destas coisas, é composto também por estes erros, muitas vezes jogou-se bem e também não ganhou o melhor , por vezes há que contar com infelicidades várias ( no primeiro jogo no Cacém, os nossos jogadores acertaram (5) cinco !!! vezes na trave) e o FCC contou nesta época com tudo aquilo que de negativo em termos futebolisticos poderia ter acontecido a uma equipa que se estreava nestas andanças e que no minimo precisava de um pouco de sorte. Desde um inicio conturbado, com estranhas dificuldades e burocracias federativas na inscrição de jogadores, chegaram a estar sete jogadores lesionados em simultaneo, até à lesão de Claudemiro ( provavelmente o jogador mais valioso deste plantel ), fractura do perónio à 14ª jornada e que jamais viria a jogar,quando a equipa vinha numa franca recuperação de seis jogos a pontuar, apenas tendo sido travada no célebre escândalo do Pina Manique, no tal jogo que teve 112 minutos e que durou até que o Casa Pia marcou o golo da vitória até a um sem número de castigos aplicados sem dó nem piedade por um conselho de disciplina de critérios muito duvidosos da F.P.F., passando por arbitragens deploráveis e vergonhosas aqui mesmo no Municipal e que passavam a autênticos escândalos quando fora dele ( salvando honrosas excepções, evidentemente) do qual o exemplo mais recente foi o roubo de Sintra, ante o 1º de Dezembro em que de uma assentada um tal Miguel Jacob da AF Setubal expulsou tres jogadores cratenses, reduzindo a equipa a oito jogadores, mas mesmo assim não conseguiu derrotar os briosos jogadores do Crato, que acabaram empatando 1-1.
Muito mais haveria para escrever, aqueles que de uma ou de outra forma acompanharam esta equipa sabem perfeitamente do que falo e jamais aceitarão esta descida de divisão como normal e natural...nada disso !!...o FC Crato foi simplesmente empurrado para fora do Campeonato Nacional da 3ª Divisão, por gente sem nível e sem escrúpulos, com um elevado déficit ao nivel do que é o saber estar no desporto e que usaram de todos os meios que estavam ao seu alcance para o fazer, valendo-se da inexperiência e do bom senso de todos aqueles que dirigiram e jogaram com a maior dignidade, elevando sempre o nome do Crato ao seu mais alto nível.
Por responder e como corolário desta inesquecível passagem pelo Nacional da 3ª Divisão, ficará a seguinte pergunta:
Mesmo com todas as vicissitudes com que o FCC se debateu ao longo da época, se nos deixassem...até onde poderia ter ido esta equipa ???

2007/2008
 - Com um novo Estádio e com excelentes condições de trabalho, o futebol senior sagra-se Campeão Distrital e sobe pela primeira vez no seu historial ao Campeonato Nacional da 3º Divisão, após tremeda luta com o FC Monfortense e com o Atletico Fronteirense. O titulo foi assegurado na penultima jornada com um empate a 0-0 em Gáfete, depois de na antepenúltima jornada o FCC ter obtido a vitória mais importante e decisiva deste campeonato ao vencer o seu mais directo rival ( FC Monfortense) por 2-1, com dois golos de Pedro Canário ( o melhor marcador do campeonato, com 26 golos). Indio , foi considerado o melhor jogador do campeonato.

2006 - 
O FCCrato participou no campeonato distrital de Futsal fazendo uma época bastante razoável, terminando na quinta posição, apesar do mau inicio de época, talvez derivado á falta de experiencia nesta modalidade.

2002 - 
O FCCrato , iniciou no passado dia 20 de Agosto os trabalhos de preparação da sua equipa de futebol sénior com vista á época a iniciar em 22 de Setembro, de salientar que o FCCrato disputa a zona norte da 1ªdivisão.

2000 - FCCrato a praticar um futebol bonito mas demasiado ingénua, pela sua juventude no entanto apesar da classificação não ser a mais condizente com o valor da equipa, há a destacar: Rui Alcino, um craque do melhor que se tem visto no Crato; Sérgio Sola, um excelente jogador polivalente; Luís Caldeira, com um pé esquerdo de categoria; Francês, um ponta de lança que está em todas e ainda Joel, esta época o grande esteio da equipa na posição de trinco.

1999 - No inicio de época depositava-se muitas esperanças na equipa de seniores, tal a valia do seu plantel, porem a equipa terminou num modesto sexto lugar. Outra desilusão esta equipa de juniores de quem se esperava uma prestação muito superior.

1998 - A equipa de juvenis de andebol do F.C.Crato venceu espectacularmente o torneio somando por vitórias os jogos realizados. Na final disputada no Pavilhão Municipal de Portalegre, perante reduzida mas empolgante assistência a equipa do F.C.Crato com uma segunda parte demolidora a levar a assistência ao rubro, venceu e convenceu o Boa Fé de Elvas, por 19-11, com extraordinárias exibições do guarda-redes Nuno Dias e do central Saramago que á sua conta obteve 13 golos.
Fazem parte desta excelente equipa os seguintes elementos: 
Técnicos: Hélder Rodrigues, Nuno Filipe e Fernando Marques.
Jogadores: Nuno Anselmo Dias, Sérgio Merecês, Sérgio Costa, João José Saramago, João Santos Saramago (capitão), João Ricardo, Carlos Martins, Rogério Chambel, Pedro Farraia, Marco Machado e Carlos Cardoso. Parabéns a todos pela forma que se bateram e souberam dignificar a camisola do FCCrato.

1997 - Ressurge o F.C. Crato, agora a disputar o campeonato distrital da 2ª Divisão e a dar muito boa conta de si, numa equipa onde impera a juventude, bem apoiado por dois ou três jogadores mais experientes, a fazerem um bom campeonato. O F.C.Crato conta ainda com uma equipa de juniores, bem como uma equipa de sub 13.

1991 - Depois de um interregno, reaparece o futebol no Crato, mercê do surgimento do C.C. Crato, que após duas épocas na 2ª Divisão, arranca brilhantemente 3º lugar no campeonato da 1ª Divisão, faziam parte desta equipa: Cabana (Morais), Carita, Alcino, Sola e Grilo, António Augusto, Miguel e Mereces; Madeira, Aníbal e Chiquinho. Jogavam ainda: João Carlos, Célio, Nuno Ângelo, Ganhão e Américo.

1976 - Campeonato Distrital da 1ª Divisão, num jogo emocionante, onde Madeira no lado direito fazia furor, rematando por três vezes à trave e obrigando o guarda-redes Bento, do Sousel, a fazer a exibição da sua vida, jogavam nessa altura: Saba (Severino), Pratas, Mendonça, Sola e Jaime, Miguel cabeças, Belmiro e Luís, Madeira, José Luís e Zebra. Jogavam ainda: Midões, Carrilho, Carrajola Gatinho e Rui Galvão.

1970 - Arranca o andebol de 7, com uma equipa espectacular, reforçada com alguns elementos do Colégio de Portalegre, de onde se destacava como excelente guarda-redes, o até há bem pouco tempo o Governador Civil de Beja, António Saleiro, referia-se a esta equipa depois de vencer todos os jogos que disputou, haveria de ser derrotada na final, disputada no Pavilhão Gimnodesportivo de Portalegre, pelo Boa Fé de Elvas, por um golo de diferença, depois de uma arbitragem altamente tendenciosa, a prejudicar o Crato, do principio ao fim.
No Futebol, pela equipa da FNAT, alinhavam: Roldão (Mário Antão), Zé Maria, Miranda, Zé do Ouro e Belo, Jaime Apolinário e Praça, Ratinho, Morgado, Ganhão e Saraiva.

1969 - Campeonato Distrital de corta-mato, Mário Antão, sagra-se brilhante vencedor nas provas de Portalegre, Fortios e Terrugem, depois na Covilhã e já a contar para o Nacional da especialidade, o referido atleta foi 87º classificado, entre 3500 participantes.
No futebol, os Bombeiros Voluntários, arrancaram com uma equipa para desfrutar o distrital de juniores, eis os jogadores: João Maria, Testa, Miranda, Pereira, e Jaime Aparício, José Maria e Zé Leandro, João Jacinto, Morgado, Correia e Raposo, jogavam também: Barrocas, Cardoso, Caldeira, Vinagre, Raul e Policarpo.

1967 - Surge o Andebol de onze e o Voleibol, com destaque para a segunda modalidade, onde nomes como: TóZé Leilão, Dionísio, Manuel Sequeira, Antº Rato; Américo Romão, Filipe Conceição, Carlos Antunes e outros se destacaram, conseguindo o titulo de campeões distritais. Ainda no mesmo ano e no que diz respeito ao futebol, a FNAT organizava os campeonatos regionais e formaram a equipa: Manuel Pepe, Jacinto, Rocha, Sequeira e Silvério; Zé Nicolau e Abelha; Águas, Zé Latas, Fernando Pastor e Chico Maia. Alinhavam ainda: Mário Antão; Zé Maria, João Madeira, ToZé, Zé Rosa, Carletas, Eduardo, Patalino, João Carretas e Damas.

1965 - No Rossio, disputavam-se campeonatos de Atletismo, com lançamento do peso, dardo, salto em altura e outras disciplinas;  ao mesmo tempo em Ténis de Mesa o Crato vencia o Alter, por 3-0, uma equipa composta por: Eng.º Ferreira, Zé Rato e João Gaspar.

1955 - Campeonato regional, o F.C. Crato na primeira mão perde em Arroches por 3-0, para na segunda mão, no Casqueiro Belo Morais, com uma das maiores enchentes de sempre, bater o Arroches por 2-0, num jogo de má memória, com uma arbitragem a prejudicar escandalosamente o Crato, invalidando três golos limpos, no final registaram-se incidentes de alguma gravidade, tendo o árbitro sido recolhido em braços para o Hospital em Portalegre, onde, permaneceu em coma durante algum tempo. Desta equipa, entre outros, faziam parte; Pepe, Aniceto, Caldeira, Atílio e Berardo; J. Ouro e João Faceira; Manuel Correia, Ismael, Jacinto Bucha e Maldito.

1954 - Inauguração do ringue de patinagem, com exibição de patinagem artística, pela credenciada Edite Cruz, patinadora do Sport Lisboa e Benfica, seguiram-se dois jogos; em que o Crato e o hóquei de Abrantes, empataram a 1-1, enquanto o Estremoz e a selecção de Lisboa, empataram em 2-2. Nesse mesmo ano o Crato foi convidado e disputar um torneio a Abrantes em que foi derrotado por 7-6 pelo Abrantes e por 3-1, frente ao Rossio de Abrantes, de salientar o fraco equipamento usado pelos nossos hoquistas, em comparação com os muito mais evoluídos abrantinos, que dias antes tinham averbado uma derrota por apenas 2-1, frente à selecção da Argentina, 2º classificado do Mundial disputado nesse ano; a equipa cratense, superiormente treinada por José Serrano, alinhava José Bucha e Francisco Caldeira, na baliza, e o Manuel Crispim, João Rosa Gaspar, José Narciso, Rafael Mariano, António Mariano, Mário Areia e José Carrilho, como jogadores de campo.


1953 - Em 13 de Abril de 1953, é inaugurado o Campo de Jogos Casqueiro Belo Morais, depois de muito esforço e dedicação de muita gente para conseguir custear uma obra de 20 contos de réis e para a qual partiram com um fundo de manieo de 3.388$00, grangeados numas festas em beneficio do futebol; neste jogo de inauguração o Crato bateu o Tamagal, por 3-2, com o campo repleto de espectadores.

1950 - Em 1 de Novembro de 1950, o F.C. Crato faz o seu primeiro jogo, vitória por 9-1, frente à turma de Fronteira Manuel Correia (Manuel D'Avô), foi o primeiro marcador da história do F.C. Crato.

1942 - No Campo do Rossio o Sporting Clube da Casa do Povo defronta o Sporting Clube de Portugal, em partida que os Leões de Lisboa de Lisboa, venceram por 9-1, de salientar que o golo Cratense foi obtido na primeira jogada, depois de um excelente cruzamento de Zé Maria da Graça, que Abel Ferreira conclui superiormente, batendo o boquiaberto e categorizado guarda redes Dores.
Ainda no mesmo ano o Sporting Clube da Casa do Povo obteve espectacular vitória frente ao Rossio de Abrantes, a Militar da 3ª Divisão, um concludente   5-1, originou uma festa que meteu invasão de campo e baile até de madrugada. Também por esta altura é fundado o comércio e indústria que foi extinto depois de disputar alguns jogos amigáveis.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Breve história da A.D.Alter


A sua fundação remonta à data de 27 de Outubro de 1946, embora os seus Estatutos fossem registados em 15 de Setembro de 1947. 
A fusão de duas colectividades existentes, à data, ´O Operário Futebol Club´ e o ´Grupo Desportivo Alterense´, esteve na origem da ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA DE ALTER. 
Ainda num período de transição foi designado Grupo Desportivo Alterense e Alter Futebol Clube, surgindo, mais tarde, em 26 de Outubro de 1947, a primeira acta das reuniões dos Corpos Sociais com o nome de ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA DE ALTER.

O primeiro Presidente da Direcção da Colectividade foi o Senhor Dr. Fernando Tenório Caldeira de Carvalho, tendo como Presidente da Assembleia Geral o Senhor Dr. Alexandre Marques Teixeira.
O Presidente da Direcção mais vezes eleito, até esta data, foi o Senhor Valério Martins Malhado (9 vezes).

Durante toda a sua História, esta Associação, passou e passa por grandes dificuldades, como é apanágio em clubes congéneres. Desde a falta de instalações, à falta de pessoas para constituirem listas, para gerir os seus destinos, recorrendo-se por vezes a Comissões Administrativas, à premente dificuldade em angariar receitas, tudo se faz sentir. 
Mas. apesar de tudo, sempre aparece um ´Amigo´, que se revê na A.D.A. e com espirito de sacrificio, empenho e vontade de manter o Clube vivo, salva-o por mais uma época. É assim que a nossa Associação vai sobrevivendo.
Foi assim, que se conseguiram obter alguns êxitos a nível Distrital e algum prestigio a nível Nacional.
A nível Distrital em futebol sénior para além de alguns títulos ganhos, o primeiro foi conquistado em 1949/1950. Em juniores, a nível Distrital, conquistaram-se vários títulos. permanecendo no Nacional durante vários anos. Os escalões de formação também alcançaram alguns êxitos.
Para além do futebol, esta Associação teve outras modalidades onde se notabilizou: A Pesca Desportiva e o Andebol, noutras teve algumas participações notórias como no Atletismo, Ciclismo e Ping-pong. Mais recentemente, o Futsal alcançou enorme prestigio com a conquista do Campeonato Distrital, Taça e Super Taça da Associação de Futebol de Portalegre.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"Histórias" - FC Porto em Portalegre





Entre domingo dia 18 e domingo dia 25 de Outubro de 1953, a equipa sénior do Grupo Desportivo Portalegrense efectua três jogos que ficaram para a sua história. O primeiro e o último, dizem respeito a duas jornadas consecutivas, a sexta e a sétima, do Campeonato Nacional da II Divisão, onde o GDP militava. A meio da semana, terça-feira dia 20 de Outubro de 1953, o Grupo Desportivo Portalegrense vai jogar uma partida particular com o Futebol Clube do Porto, que naquele momento comandava a classificação do Campeonato Nacional da I Divisão.

Em 18 de Outubro anterior deslocou-se ao Estádio da Fontedeira o ex-primodivisionário Grupo Desportivo Estoril Praia. Previa-se um jogo de elevado grau de dificuldade para o GDP. José Maria Cabecinha escreveu em “O Distrito de Portalegre” que ‘saiu vencedor merecido o Portalegrense, não pelo seu maior domínio ou pelas suas melhores jogadas, mas porque os dois golos que obteve foram dos que não mereceram contestação, e como o melhor aproveitamento das ocasiões de golo é que ditam os vencedores, está absolutamente certo e justo o seu triunfo.’

Descreveu desta forma o desenrolar da partida e os lances dos dois golos:
_ A primeira parte terminou com 1-0, golo alcançado por Brito aos 15 minutos, depois da marcação de um livre, por Sanina.
_ Na segunda parte, o jogo manteve as mesmas características e foi novamente Brito que aos 54 minutos marcou o segundo golo, depois de uma boa jogada de Jacinto.
Em análise aos jogadores afirmou:
_ Na equipa local, salientou-se o trabalho de Massano, Roqui, Jacinto e Sanina e o acerto de toda a defesa.

Em “A Rabeca” escreveu que ‘O clube portalegrense obteve, no passado domingo, uma esplêndida vitória sobre um dos mais fortes agrupamentos da Zona B; e se é verdade ter em algumas jogadas sido bafejado pela sorte, o que não dúvidas é a justiça do resultado, visto ter oposto à maior capacidade dos visitantes uma velocidade que aqueles só suportaram bem no primeiro quarto de hora.’
Em jeito de conclusão escreveu:
_ Para o resultado conseguido muito contribuiu, porém, o magnífico trabalho de Massano, tapando com o melhor sentido, o esplêndido extremo direito estorilista; a fibra aguda de Roqui à defesa e ao ataque, e a codícia de Jacinto, sem dúvida com o seu melhor jogo desde algumas épocas para cá. De resto o ataque, com excepção feita à lentidão do marcador, Brito, que podia ter feito mais e muito melhor, comportou-se magnificamente com um desrespeito absoluto pela categoria dos ases estorilistas Elói e Alberto.

Em “A Voz Portalegre”, Morujo Trindade escreveu que ‘o grupo azul, que quanto a nós vem domingo a domingo impondo numa melhoria sensível do seu conjunto e dos valores individuais que o constituem, derrotou o Estoril Praia, um dos sérios candidatos ao título, patenteando a todos os que viram o encontro uma exibição que só poderia trazer-lhe, como aconteceu, a vitória.’ Mais adiante diz que ‘ao maior saber estorilista contrapôs o Portalegrense uma velocidade e sentido de penetração, suficientes para lhe impor a sua vontade e daí os dois pontos da vitória.’
E termina prognosticando:
_ Pelo que vimos no passado domingo na Fontedeira, não seremos demasiado optimistas se nos convencermos que poderemos ter esperanças no nosso representante na II Divisão e com vista ao conseguimento dum lugar que lhe assegure o seu ingresso definitivo no próximo arranjo da mesma.
Quanto à arbitragem, dos três semanários de Portalegre, apenas dois a ela se referem. Muito irregular para “O Distrito de Portalegre”, e caseira em “A Rabeca”.

E apenas “O Distrito de Portalegre” edita as três equipas:
Portalegrense, 2
Estoril, 0
Árbitro: João Pimentel, de Évora
Portalegrense: Augusto, Santos e Massano; Moreno, Robalo e Roqui; Parra, Brito, Jacinto, Bica e Sanina.
Estoril: José Maria, Negrito e Alberto; Cassiano, Elói e Nunes; Lourenço, Vinagre, Andrade, Cordeiro e Pastorinha.

A 25 de Outubro o Grupo Desportivo Portalegrense irá a Elvas obter a sua primeira vitória fora, ganhado a «O Elvas» Clube Alentejano de Desportos por 2-0, com a maior justiça, segundo a imprensa local. Quanto ao jogo com o Futebol Clube do Porto, reproduz-se na íntegra o que os jornais de Portalegre escreveram.
Mas, antes referira-se que a equipa do FCP chegou a Portalegre no domingo dia 18 de Outubro, e segundo “A Rabeca”, ‘o Portalegrense proporcionou aos visitantes nortenhos um passeio pelo Triângulo Turístico, com um lanche na Estalagem «Ninho de Águias», de Marvão; e a volta à Serra de Portalegre.’


No Campeonato da II Divisão o GDP tinha já feito seis jogos com os seguintes resultados e classificação, sexto classificado em catorze equipas:
Leões de Santarém – GDP 3-1
GDP – Casa Pia A. C. 4-1
Torriense – GDP 3-1
GDP – Marialvas 5-0
União de Coimbra – GDP 2-0
GDP – Estoril 2-0
J V E D F C P
6 3 0 3 13 9 6

E no final da reportagem do GDP-FCP, “A Voz Portalegrense” editou:
_ Encarregou-nos o G. D. Portalegrense de transmitir ao comércio da cidade, os seus melhores agradecimentos pela valiosa colaboração que prestaram ao Clube permitindo com o encerramento dos respectivos estabelecimentos, que maior número de espectadores assistissem ao encontro de futebol disputado com o F. C. P..

Foi, sem dúvida, uma grande jornada desportiva em Portalegre este jogo GDP-FCP.
_ A Rabeca, Ano 38, N.º 1752, 21 de Outubro de 1953, pg.2
Sem indicação do nome do autor da reportagem desportiva.

Jogo amigável
F. C. do Porto – 1
G. D. Portalegrense – 1

Ontem, terça-feira, realizou-se nesta cidade o encontro de futebol com o Futebol Club do Porto, que desde domingo à tarde, e a convite do Portalegrense, se encontrava em Portalegre.
Jogo ansiosamente esperado pelos desportistas locais, chamou ao Estádio da Fontedeira uma boa assistência, apesar de ser dia de semana, e diga-se em abono da verdade que valeu a pena. Se o Clube nortenho mostrou mais categoria, o Portalegrense, que vem subindo de forma, fez uma partida magnífica, batendo o pé à maior classe do adversário com jogadas de princípio, meio e fim, que causaram pânico à extrema defesa nortenha, onde Barrigana, com bastante mais trabalho que o guarda-redes local, se salientasse como o melhor jogador no terreno.

É que, quer no primeiro quer no segundo tempo – e neste o Portalegrense fez o seu melhor – os locais exerceram certo domínio territorial, produto duma maior velocidade sobre a bola, que bastas vezes descontrolou a defesa nortenha e que merecia mais do que a bola obtida, se o «calo» em encontros com grupos de figuras de nome no desporto nacional fosse maior e o contacto mais frequente.
A equipa portalegrense mostrou segurança, os médios de ataque, sobretudo Roqui, construíram ataques frequentes a que Jacinto e os restantes avançados davam sequência precisa. Brito, porém, com a lentidão que o caracteriza, prejudicou muitas vezes o trabalho dos companheiros, e sendo duma habilidade extraordinária, causa pena ver a sua pouca fibra.

A arbitragem de João Vieira, regular. Os clubes alinharam:
F. C. do Porto – Barrigana; Virgílio e Osvaldo; Eleutério, Arcanjo e Joaquim; Vieira, Albassini, Monteiro da Costa, Porcel, e depois Del Pinto e José Maria.
Portalegrense – Augusto, e depois Severiano; Santos e Massano; Roqui, Robalo e Moreno; Parra, depois Redondo, Calin, Jacinto, Bica, depois Brito e Sanina.
As bolas foram obtidas no 1.º tempo por Monteiro da Costa e Redondo.

_ O Distrito de Portalegre, Ano 70, N.º 4.329, Sábado 24 de Outubro de 1953, pg.5
José Maria Cabecinha
Jogo amigável
Portalegrense, 1
F. C. do Porto, 1
Árbitro: João Vieira, de Portalegre

As equipas alinharam:
Portalegrense: Augusto (Severiano), Santos e Massano; Moreno, Robalo e Roqui; Parra (Redondo), Calin, Jacinto, Bica (Brito) e Sanina.
F. C. do Porto: Barrigana, Vergílio e Osvaldo; Joaquim, arcanjo e Eleutério; Carlos Vieira, Albasini, Monteiro da Costa, Porcel (Del Pinto) e José Maria.
Este jogo despertou o maior entusiasmo em todos os desportistas pelo que a assistência foi bastante numerosa.

Também o jogo em si foi daqueles que deixam agradáveis recordações, verificando-se que o Portalegrense quando completo, é uma equipa de valor, capaz de fazer frente às equipas de maior nomeada, servindo de exemplo este encontro com o Porto.
Os visitantes começaram a praticar com relativo à vontade e durante os primeiros 25 minutos não forçaram muito.

A partir de então e como verificassem que os locais não renunciaram à luta nem se descontrolavam, começou a luta com mais energia, ganhando o encontro maior emoção, porque os locais continuavam a lutar no mesmo ritmo de grande velocidade e generoso esforço, proporcionando-nos ambas as equipas um belo espectáculo desportivo.

A primeira parte terminou com o resultado de 1-1 com que veio a terminar o encontro, com golos de Monteiro da Costa aos 20 minutos e Redondo aos 40.
A segunda parte foi jogada no mesmo ritmo, com lances de bom futebol de ambas as equipas e Barrigana mais do Severiano, a ser chamado com mais frequência a pôr à prova os seus recursos.
O resultado final aceita-se bem, e a haver um vencedor este seria o Portalegrense.
A arbitragem foi regular.

_ A Voz Portalegrense, Ano XXI, 10/10/1953, N.º 1104, pg.2
Morujo Trindade
Jogo Particular
Levadas a bom termo as diligências entre as respectivas Direcções efectuou-se no passado dia 20, terça-feira, na Fontedeira, o anunciado encontro de futebol entre as categorias de honra do Futebol Clube do Porto e o Portalegrense.
Presenciado por uma das maiores assistências que têm ocorrido ao campo da Fontedeira, os grupos alinharam:
F. C. do Porto – Barrigana, Virgílio e Osvaldo; Eleutério, Miguel Arcanjo e Joaquim; Carlos Vieira, Albassini, Monteiro da Costa, Porcel e Zé Maria.
À segunda parte Del Pinto substituiu Porcel.
Portalegrense – Augusto, Santos e Massano; Moreira, Robalo e Roqui; Parra, Calin, Jacinto, Bica e Sanina.
Alinharam também Severiano, Brito e Redondo, respectivamente em substituição de Augusto, Bica e Parra.
Árbitro – Sr. João Vieira, da A. F. de Portalegre.

É muito provável que ao iniciar o encontro o estado de espírito da equipa local frente a um agrupamento de tanta categoria entre nós, lhe fizesse encarar a partida com natural receio, julgando que se deveria considerar batida, ao passo que aos jogadores do Futebol Clube do Porto sobrasse confiança para descerem, ao campo como vencedores certos e folgados. Se as primeiras jogadas foram talvez o reflexo desses dois estados psicológicos diferentes, vendo-se o F. C. do porto a pretender dar ar de exibição ao seu jogo, o que é certo é que a partir sensivelmente da primeira metade da 1.ª parte, a partida começou a interessar aos dois grupos, no tocante ao resultado final, já que o equilíbrio de domínio territorial era evidente.

Se do lado do F. C. do porto existiu melhor execução individual e desenvolvimento de jogo mais clássico, de banda dos locais veio ao de cimo a sua velocidade e poder de antecipação, que passou a dar-lhe também e principalmente a partir da entrada de Redondo possibilidades de mostrarem um período de jogo de ligação. E deste modo e dentro de uma correcção inexcedível, se desenrolou até final a magnífica partida de terça-feira, não sem que no período final Barrigana fosse chamado mais vezes a intervir do que Severiano.

Monteiro da Costa divagando sobre a esquerda e depois de receber um magnífico passe de J. Maria, marcou o 1.º e único tento do F. C. P., atirando sem possibilidade de defesa para Augusto. Passados poucos minutos Redondo marcava nas redes de Barrigana um tento de magnífica feitura e nascido duma jogada que os nossos adversários ou outros da sua igualha não desdenhariam assinar.

A uma passagem de Bica, Sanina centrou inteligentemente para Jacinto que tinha à sua ilharga M. Arcanjo; ganha a primeira disputa de bola por Jacinto, a bola ficou a saltar em frente a Barrigana para num relâmpago ser atirada para o fundo das suas redes com um potentíssimo pontapé de Redondo que para tanto nos mostrou magnífica execução.

Depois e com os locais mais confiantes o encontro decorreu até final como já referimos.
Para finalizar resta-nos envolver nas mesmas felicitações todos os jogadores do Desportivo portalegrense e os seus valorosos e correctíssimos adversários, pela magnífica partida de futebol que nos ofereceram, cabendo ainda aos nossos representantes ainda os parabéns pelo mérito do mais honroso resultado conseguido pelos seus grupos de sempre.

Ao snr. Vieira, que arbitrou, endereçamos, por merecidas, sinceras felicitações pelo trabalho produzido.
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Mário Casa Nova Martins
http://avozportalegrense.blogspot.pt

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"Histórias" do Grupo Desportivo Portalegrense



O futebol em Portalegre tem uma história de mais de um século. E este palco memorável que foi o Estádio da Fontedeira, inaugurado às quatro horas da tarde de domingo dia 2 de Abril de 1911, viveu tardes de glória. De todos os Clubes de futebol que Portalegre teve, sem dúvida que o Grupo Desportivo Portalegrense e o Sport Clube Estrela marcaram essa glória, quer nos jogos entre si, quer com equipas que na época eram referência no futebol português. Jogadores nados e criados em Portalegre, ali deram os primeiros passos em carreiras futebolísticas de maior ou menor sucesso. Outros vindos de fora, deixaram naquele campo de terra batida a sua categoria como profissionais de um desporto que empolgava a cidade de Portalegre.

Severiano Ferro foi um desportista que honrou a camisola do Clube que o homenageou, em preito de gratidão, na sua despedida como futebolista. Depois iniciou uma carreira na arbitragem, como árbitro principal no Distrital da Associação de Futebol de Portalegre, e como auxiliar nos Campeonatos nacionais.
Severiano jogava na posição de guarda-redes, e a “tribo do futebol” conhecia-o por «Linda». Poucos sabiam o seu nome de baptismo, porque a sua popularidade impôs que no dia-a-dia fosse o «Linda».

Para a homenagem, o Grupo Desportivo Portalegrense convidou o Sporting Clube de Braga, que na véspera jogava em Évora e que no seu regresso a Braga passava por Portalegre. Nesse jogo, o Lusitano Ginásio Clube ganhara por 4 – 1. E no final da época 1954/55, o Lusitano ficou em 10.º lugar com 21 pontos, enquanto o Sporting de Braga ficou em 5.º com 29 pontos, com o facto de o Sport Lisboa e Benfica ter sido campeão com 39 pontos, seguido do Clube de Futebol «Os Belenenses» com os mesmos 39 pontos, tendo o SLB empatado em casa 0 – 0 e vencido fora 1 – 2.

Na segunda-feira dia 25 de Abril de 1955, pelas 18 horas, tem lugar no Estádio da Fontedeira a Festa de Homenagem a Severiano Ferro «Linda».
Antes, «O Distrito de Portalegre» dizia que Palmeiro (Benfica) reforçaria a equipa local, facto que não se confirmou, e «A Rabeca» anunciava que ‘O Clube «Asas de Portalegre» promoverá uma largada de pombos, em saudação à equipa visitante de Braga – o valoroso «Arsenal do Minho»’, dado este de que os jornais não falarão nas edições que relatam a Homenagem.

As equipas alinharam:
Portalegrense: 
Severiano, Santos e Massano; Fonseca, Robalo e Roqui; Elias, Brito, Jacinto, Bica e Almeida
Aos 15 minutos o homenageado é substituído por Augusto, e Sanina e Curto entram a substituir Elias e Fonseca.
Sporting de Braga: 
Faria, José Maria e Abel; Pinto Vieira, A. Marques e Calheiro; Baptista, Costa, Garófalo, Vicente e Corona
Faria é substituído aos 22 minutos por Cesário, e na segunda parte entraram Imbeloni e Fantin.

Árbitro: 
Manuel Curinha de Sousa. Juízes de Linha: João Sanganho e Eduardo Figueira.

«A Rabeca», em crónica não assinada, é sucinta. Dos três parágrafos da notícia, apenas dois se referem concretamente ao que se passou naquele final de tarde primaveril:
_ A partida teve fases de bom futebol e à indomável energia e apego na luta, mantidos desde o início, deveu o grupo local a vitória obtida sobre o afamado «Arsenal do Minho».
Também o resultado de bilheteira deve ter sido compensador para o homenageado, pois o campo apresentou uma concorrência desusada de espectadores. Isto nos apraz registar, com as nossas felicitações ao simpático Linda, que se distinguiu sempre como um bom e leal desportista, credor da estima geral.
Mais desenvolvida é a notícia em «O Distrito de Portalegre». Se bem que a peça jornalística não esteja assinada, é redactor desportivo do jornal José Maria Cabecinha.

Resume «O Distrito de Portalegre»:
_ Sai o Braga que querendo exibir-se somente, não chega a inquietar o guarda-redes local, ao contrário dos locais que procuram a baliza mais intencionalmente, conseguindo marcar os seus dois primeiros golos aos 13 minutos por Bica e aos 15 por Jacinto, este a bom cruzamento de Almeida.
Aos 29 minutos Cesário vai ocupar o lugar de Faria e aos 30 minutos Garófalo na sequência de pontapé de canto, marca o único golo da sua equipa.
Resultado deste primeiro tempo 2 – 1 a favor dos locais, que está de harmonia com o que foi o jogo.
No segundo tempo o Braga faz entrar mais os dois titulares já referidos, mas o seu jogo até aos 20 minutos continua a ser o de boa execução técnica de facto, mas sem fazer perigar a baliza dos locais, ao contrário destes, que puseram à prova a boa categoria de Cesário, que no entanto foi batido aos 44 minutos por Jacinto, que, de cabeça, lhe faz sair a bola das mãos e que Brito aproveitou para transformar no terceiro golo do Portalegrense.
Repetimos que o resultado está certo, pois o Portalegrense jogou decididamente para ganhar, ao contrário do Braga, que talvez confiado demasiadamente ao querer atingir a finalidade dos jogos – a obtenção de golos – não o conseguiu, por mérito dos seus adversários, sempre decididos na defesa da sua baliza, sem descurar o ataque.
A defesa local foi um sector seguro, e na linha da frente, Bica, Almeida e Jacinto foram os melhores.
No Braga Garófalo, Cesário e Fantin salientaram-se
Boa arbitragem de Curinha de Sousa.



A “grande” História do Futebol é feita de “pequenas histórias”, como a da Homenagem, justa, a «Linda».
Mário Casa Nova Martins

Bibliografia
«A Rabeca», números 1828, 1829
«O Distrito de Portalegre», números 4404, 4406, 4407
Antigas Glórias do Futebol Algarvio e Alentejano
1ª Divisão 1954-55

Retirado de http://avozportalegrense.blogspot.pt

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Das Origens à actualidade 1926-2001 / O Livro do Sporting Campomaiorense

Nota dos autores

O Sporting Clube Campomaiorense é uma das mais antigas instituições do nosso concelho. Na altura em que cumpre 75 anos de existência entendemos por bem levar a cabo este trabalho, de investigação, sobre as origens e o percurso do clube desde a sua fundação até à actualidade. Foi um trabalho difícil, mas gratificante, que os actuais dirigentes do clube em boa hora abraçaram, por forma a deixar para a posteridade um documento que relata a história do clube.

A todos os que, de qualquer maneira, contribuíram para criar, manter e desenvolver este projecto que é hoje o Sporting Clube Campomaiorense, com 75 anos de história, dedicamos este livro que tem como principal objectivo fazer alguma luz sobre o passado e o presente do clube.

Respeitando todos aqueles que, ao longo de 75 anos de vida do clube, estiveram, e estão, à frente dos seus destinos, não podemos deixar de endereçar uma palavra muito especial ao senhor Estevão Bastos Caldeirão, por ser o único dos fundadores do Sporting Clube Campomaiorense que, felizmente, ainda se encontra entre nós. Muitos foram os que contribuíram com o seu esforço para dar vida e glória a este clube. Não os podíamos nomear a todos, referimos apenas aqueles que ajudam a compreender as principais fases por que a vida do clube passou.

Os autores

Francisco Galego e Joaquim Folgado


João Nabeiro, Presidente do S.C.Campomaiorense, Joaquim Folgado e Francisco Galego, os autores da obra, na apresentação do Livro do Sporting Campomaiorense.

1- Prefácio (Rui Nabeiro)

O Campomaiorense foi, desde sempre, o meu clube de eleição. Outra coisa não poderia ser para quem, como eu, sempre vibrou de entusiasmo por tudo que transporte o nome de Campo Maior.

A minha adolescência e a minha juventude foram vividas em épocas socialmente difíceis e nunca encontrei tempo para a prática do futebol ou qualquer outro desporto, no entanto, muito cedo comecei a acompanhar a equipa do Campomaiorense e a interessar-me pela vida do clube.

Longe vão os tempos em que, domingo após domingo, enchia o meu velho Peugeot de jogadores do Campomaiorense e nos transportávamos para mais um jogo fora de casa.

Na época, os recursos eram muito escassos e aqueles que na nossa terra tinham meios para ajudar o clube, não o faziam. Assim, com as ajudas de uns e de outros, dos mais entusiastas, íamos arranjando o necessário para manter viva a chama do Campomaiorense, que assim atingia gloriosamente a 2ª Divisão Nacional nos anos 60.

O futebol tem a magia de aglutinar paixões, agitar os espíritos e elevar o bairrismo, sobretudo nos meios mais pequenos em que as populações se identificam com o clube da sua terra.

O Campomaiorense tem sido isso mesmo. Uma bandeira de Campo Maior, onde todos os Campomaiorenses se revêem, vibrando pelos seus sucessos e sofrendo pelos seus insucessos, com verdadeira paixão pelo clube.

A vila de Campo Maior muito deve da sua promoção ao Sporting Clube Campomaiorense que tem sido, desde sempre, mas sobretudo nos últimos anos, uma embaixada do nosso concelho, motivando interesse e curiosidade sobre a nossa terra e a nossa gente.

Como Presidente Honorário do Clube, depois de muitos anos à frente dos seus destinos, não posso deixar de expressar o meu mais sincero agradecimento, e homenagem, a todos os atletas, de todas as gerações, e a todos os elementos das várias direcções que, ao longo destes 75 anos, tornaram possível a continuação, e engrandecimento, do nosso Campomaiorense.

Que as gerações vindouras saibam manter viva a chama e que a juventude saiba continuar este sonho de vitória, que sempre nos anima, e que foi capaz de transformar o Campomaiorense num clube de primeira divisão, respeitado, considerado e admirado por muitos, cobrindo de glória e orgulho todos os Campomaiorenses, e não só, por neles se reverem todos os Alentejanos e gentes do interior.

Aos autores desta obra comemorativa do 75º aniversário do nosso clube, o meu apreço e gratidão.

Manuel Rui Azinhais Nabeiro

Presidente Honorário do Sporting Clube Campomaiorense


Manuel Rui Azinhais Nabeiro, Presidente Honorário do Campomaiorense


uma obra de Joaquim Folgado e Francisco Galego

domingo, 27 de setembro de 2009

2- Como tudo começou

Jogos com bola existiram desde a mais remota antiguidade. Há testemunhos desses jogos tanto na Grécia Antiga como no Império Romano. Os romanos jogavam com enormes bolas a que davam o nome de follis consistindo o jogo em empurrar essas bolas com os pés. Esses jogos atravessaram a Idade Média e chegaram até aos nossos dias na forma de jogos tradicionais praticados um pouco por todo o mundo com nomes diversos: soule em França ao tempo da Guerra dos Cem Anos, e melle ou barette noutras regiões. Aliás, com este último nome aparece referido um jogo de bola em 1888, em França, na Liga Nacional de Educação Física. As condições e as regras segundo as quais se praticavam variaram ao longo dos tempos e divergiam de cultura para cultura.

Porém, os desportos com bola, tal como hoje os conhecemos, são de formação relativamente recente. As suas origens não vão além de meados do século XIX.

Foi com a Revolução Industrial que se generalizou a prática desportiva. A Inglaterra, origem da Revolução Industrial, foi também o berço dos desportos que se iriam tornar, no século seguinte, grandes manifestações, quer como prática desportiva, quer como espectáculo, adquirindo rapidamente o interesse apaixonado das multidões.

Entre esses desportos, aquele que foi baptizado como foot-ball association nasceu no ano de 1863 quando lhe foram traçados os regulamentos que tomaram como base as regras de jogo seguidas em Cambridge e noutras universidades. Os jogos com bola praticados nas escolas inglesas receberam o nome genérico de fooball mas eram praticados com grandes variações de escola para escola. A certa altura começaram a praticar-se algumas modalidades de football uma ligada à escola de Rugby - rugby game - , outra à de Harrow - harrow game - e outra ligada à escola rival de Eton que começou a ser designada por football association ou, simplesmente, association. É que, enquanto em Rugby e em Harrow se jogava em campos atapetados de relvados abundantes que permitiam empurrar, mergulhar e cair sem pôr em risco a integridade fisica dos jogadores, em Eton só podiam jogar em campos áridos de terra batida ou em pátios de chão rijo em que as quedas provocavam ferimentos, fracturas e lesões. A bola oval do rugby própria para agarrar e conduzir com a mão, diferiu da bola redonda própria para pontapear. Em Julho de 1871 disputou-se a competição que seria historicamente considerada o primeiro campeonato de futebol disputado no mundo: a Taça Challenge.

A divulgação do futebol foi rápida não apenas na Inglaterra e no seu Império. Nessa altura, Londres era a capital da economia-mundo influenciando e controlando praticamente todos os mares e todos os continentes. Assim, tal como o tennis, o cricket, o rugby, o hóquey e o ciclismo, o futebol ganhou rapidamente a afeição não apenas da juventude que o praticava, mas de homens e mulheres de todas as condições e idades.

Ao contrário de outros desportos que exigiam condições e equipamentos apenas acessíveis às elites mais favorecidas em meios de fortuna, o futebol podia-se praticar desde que houvesse dois grupos de jogadores, um terreno mais ou menos plano, um objecto com forma esférica e bastante leve para ser chutado e dois postes a servir de baliza. Talvez por isso, teve divulgação rápida e massiva, afirmando-se em poucas décadas como o desporto preferido de vastas regiões do mundo.

O futebol teve como veículos de difusão os marinheiros ingleses que, ora em busca de matérias primas, ora no transporte dos produtos das suas indústrias altamente desenvolvidas, chegavam a todas as regiões. Era fácil levar em cada barco bolas que permitissem desentorpecer as pernas nos portos de escala onde paravam. Também os diplomatas ao serviço de sua majestade e os funcionários colocados pelas empresas nos países onde tinham interesses, levavam consigo os apetrechos e o saber para a prática do novo desporto. As universidades inglesas, as primeiras a ministrarem os saberes científicos e técnicos actualizados da nova civilização industrial, atraíam os filhos das elites que governavam os países que com a Inglaterra mantinham negócios e trocas culturais. Esses estudantes, ao terminarem os seus estudos, ou quando voltavam em gozo de férias, traziam na sua bagagem bolas e nos seus hábitos o gosto pela prática do futebol.

Sabemos que assim aconteceu em Portugal. Em Lisboa, é um estudante em Inglaterra que traz consigo a primeira bola de futebol. Na Madeira, como no Algarve, são marinheiros que mostram aos locais o novo jogo da bola. No Porto, são os ingleses aí estabelecidos em volta dos negócios do vinho. Em Portalegre, segunda cidade a ter constituído uma federação de futebol, terão sido os ingleses ligados ao negócio da cortiça a introduzir o novo desporto nos hábitos da cidade.

Segundo um artigo de A Voz de Portalegre, George Robinson em 1847 adquiriu uma pequena fábrica de cortiça que tinha sido fundada dez anos antes por outro inglês, Tomaz Reynolds. Seu filho George Wheelhouse Robinson, nasceu em Portalegre em 1857 e aí morreu em 1932. Foi educado na Inglaterra nas escolas de Doncaster e Leedon. Mas passava as férias em Portalegre e aí regressou terminados os estudos. É difícil não estabelecer a relação entre a sua presença na cidade e a práctica do futebol que começou em tempos tão remotos.

Com poucas diferenças, estes factos verificam-se nas últimas décadas do século XIX.

Contudo, em Portugal, por esse tempo, as coisas não corriam de feição para os ingleses. Os nossos mais antigos aliados tinham, através de sucessivas atitudes de arrogante e assumida sobranceria, afrontado os sentimentos nacionais do povo português. Primeiro, fora o aproveitamento da ausência do rei no Brasil e a nossa necessidade que nos viessem socorrer contra as Invasões Francesas. Vieram e ficaram. Ficaram e dominaram como se de uma colónia sua se tratasse. Foram compelidos a retirarem-se pela Revolução Liberal de 1820.

Com o tempo, o povo português foi esquecendo esse antigo ressentimento. A necessidade e o interesse voltaram a aproximar-nos dos ingleses. Mas, já para o fim do século, novas mágoas vão ditar novos ressentimentos. A Inglaterra, com as outras grandes potências europeias, lançou olhares de cobiça e de venalidade para uma África prenhe de recursos naturais, matérias-primas para as suas indústrias. Reunidos na Conferência de Berlim, negaram os direitos históricos de Portugal sobre o continente africano. Pretenderam dividir entre si a África, ditando um novo direito: o da capacidade de ocupação efectiva.

Portugal, atrasado e pobre, procurou salvar o que fosse possível. Mandou à pressa exploradores como Serpa Pinto, Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens fazer o reconhecimento das terras do interior. Foram traçados os primeiros mapas. Portugal procurou definir os seus direitos, assinalando num mapa, a cor-de-rosa, os territórios que reivindicava como de sua pertença. Nesse mapa, o que hoje é Angola ficaria ligado, em continuidade territorial, ao que hoje é Moçambique. Ora, tal pretensão ofendeu as ambições inglesas que queriam assegurar a ligação das suas colónias do norte com as do sul do continente africano.

A reacção foi brutal porque, além de rasgar a mais antiga aliança entre dois países europeus, ameaçou com o imediato recurso à força das armas contra Portugal se este não se submetesse às exigências da Inglaterra.

Que poderia fazer o rei e o governo de um país tão atrasado, tão pobre e tão dependente como Portugal?

Os governantes cederam à lei do mais forte. Mas o povo português não podia aceitar nem perdoar. Um ódio nacional forte e intenso polarizou-se em tudo o que fosse inglês ou que de Inglaterra viesse. Ora, tudo isto acontece na altura em que o futebol acabava de chegar ao nosso território e nele começava a dar os primeiros pontapés. Até tinham começado a organizar-se os primeiros clubes e a disputar-se os primeiros matches.

O entusiasmo inicial esfriou. O futebol chegou a ser depreciativamente tratado por jogo do coice. Apesar disso, ainda que de forma reservada, quase às escondidas, continuou a ser praticado, principalmente pelos ingleses que aqui continuavam a residir.

Quando melhores dias trouxeram ao povo razões para esquecer antigas mágoas, o futebol pôde voltar a emergir. E, com que força. Em menos de duas décadas expande-se por todo o país. As duas primeiras décadas do século XX foram os anos de proliferação da prática do futebol no nosso país. Surgiram os primeiros clubes. Alguns nunca iriam passar de pequenos clubes de bairro. Outros, tornaram-se os grandes clubes de hoje.

A maior parte dos clubes de futebol que ainda hoje existem em Portugal, foram criados antes dos anos 30 do século XX. Eram em número tão elevado que não havia cidade ou vila que não tivesse mais do que um clube mais ou menos organizado. Mesmo em certas aldeias, os clubes se constituíram. Seria talvez mais apropriado designá-los por grupos do que por clubes, atendendo à fragilidade orgânica e ao carácter efémero da maior parte deles. Tratava-se de grupos de rapazes – estudantes, amigos, colegas de trabalho ou de empresas, sócios de sociedades recreativas – que se juntavam para constituir equipas para a prática do futebol. Muitos desapareceram sem deixar rasto. Os que conseguiram sobreviver, cresceram, integraram-se em campeonatos. Primeiramente, disputados a nível local entre os clubes da mesma povoação ou entre clubes de povoações mais próximas. Nos primeiros tempos, primeira década do século XX e parte dos anos 20, não havia campeonatos organizados a nível nacional. Os jogos eram combinados entre as equipas. Designavam-se como desafios porque o que de facto acontecia era que uma equipa desafiava outra para disputar um jogo de futebol.

Os campos, mesmo em Lisboa, nem sempre possuíam as medidas regulamentares e não tinham como utilização específica a prática do futebol. Eram terrenos mais ou menos planos, campos de feira, praças públicas, onde se podiam espetar dois paus no chão, a sete pés de distância entre si e ligados em cima por uma corda, que faziam de baliza. As redes só apareceram mais tarde, como as marcações do campo, como os árbitros e como as regras que só foram fixadas e assimiladas com o decorrer do tempo. Os primeiros campos de futebol eram apenas isso: campos onde se podiam dar uns chutos na bola.

A própria bola nem sempre era fácil de adquirir porque era cara, rara e difícil de fabricar. A bola deixada pelos marinheiros ingleses na Madeira em finais do século XIX, quando se lhe estragou o cautechu, introduziam-lhe dentro uma bexiga de porco para que pudesse continuar a ser utilizada. Daí que a necessidade levasse ao engenho de se fabricarem bolas de trapo com meias velhas, cheias de tudo o que pudesse servir de lastro para encher um objecto que, se não servia para jogos a sério, servia pelo menos para praticar.

Até à década de vinte, só Lisboa, a partir de 1910, Portalegre, a partir de 1911, o Porto, a partir de 1912 e a Madeira, a partir de 1916, tinham constituído associações de futebol que permitiam organizar campeonatos locais.

Só na época de 1921/22 se organizou o 1º Campeonato de Portugal que consistiu num desafio entre o campeão de Lisboa e o campeão do Norte. Este Campeonato de Portugal disputou-se entre as épocas de 1921/22 e 1937/38. Começando por se disputar entre o campeão de Lisboa e o campeão do Norte, veio depois a revestir um figurino semelhante ao da Taça de Portugal, pois consistia em sucessivas eliminatórias em duas mãos com recurso a finalíssimas em caso de empate. Aliás, deixou de se disputar na época de 1937/38 para que, na época seguinte, se começasse a disputar a Taça de Portugal.

Os primeiros autênticos campeonatos a nível nacional, começaram em 1934/35, com a organização das I e II Ligas Nacionais que viriam a dar origem à 1ª e 2ª Divisões. O Campeonato da 3ª Divisão só se começou a disputar na época de 1947/48. Ou seja, praticamente só na segunda metade do século XX é que podemos considerar completamente organizados todos os campeonatos nacionais no nosso país.

Antes disso, por razões diversas, não existiram condições propícias ao desenvolvimento geral do país e o incremento da prática desportiva só podia fazer-se em moldes modestos e a nível local.

Logo a seguir à Revolução do 5 de Outubro, tinham existido condições para o desenvolvimento de clubes de futebol porque os ideais republicanos incluíam as preocupações com as questões educativas e com a prática dos desportos. Mas, a instabilidade constante provocada pelas disputas partidárias a nível interno, e a participação na Guerra de 1914-18, com a mobilização das gerações que estavam em idade de se dedicarem á prática desportiva, impediram, o desenvolvimento da prática do futebol. Apesar de tudo, alguns clubes foram fundados, embora não tenham conseguido grande notoriedade até aos anos 20.

No jornal A Voz de Portalegre de Setembro de 1932, vem um artigo interessante de alguém que, tendo sido testemunha directa dos factos, retrata com vivacidade e colorido a realidade desde pequenos clubes pioneiros na prática do futebol, quando este estava ainda muito próximo das suas origens. Referindo-se aos tempos iniciais do Sport Club Estrela, fundado em 1919, diz o cronista: Nasceu de uma pleiade de rapazes de 10 a 15 anos que jogavam com pélas de trapos, de pé de meia, de borracha e, mais tarde, de couro, servindo-lhes de catchú uma bexiga de vaca. A equipa era interessante: cada um jogava com o que trazia vestido. Uns de blusa, outros de casaco, outros de mangas de camisa; uns de calças, outros de calções; uns de botas, outros de sapatos e outros de alpercatas...

Porque não tinham sede escolheram o nome adequado à sede que então tinham “debaixo das estrelas”: Sport Club Estrela

Podemos facilmente aceitar que a realidade assim descrita estará muito próxima de muitos pequenos clubes que, nessa época ensaiavam os primeiros jogos de futebol.

Os anos 20 constituíram a década em que se deu o primeiro grande impulso para o desenvolvimento do futebol a nível nacional. Por todas as regiões surgiram novos clubes. Organizam-se os primeiros campeonatos, as equipas portuguesas têm os primeiros contactos com equipas além fronteiras. Ensaiam-se as primeiras tentativas de constituir selecções nacionais para representação do futebol português. Constitui-se a Federação Portuguesa de Futebol em 1926. Mas é ainda uma época de total amadorismo.

Em Lisboa, os clubes proliferaram. O futebol tornou-se o espectáculo favorito das classes populares e começou a ocupar páginas inteiras nos principais jornais e revistas: Diário de Notícias, O Século, A Ilustração, O Sport, Notícias Ilustrado, Eco dos Sports, Diário Ilustrado.

Nas terras pequenas era ainda o tempo das balizas às costas, dos campos mais ou menos improvisados, marcados a cal e regador pouco minutos antes dos jogos começarem, dos jogadores se equiparem a céu aberto dentro de uma roda de amigos a servirem de cortina para resguardar as intimidade dos olhares pudicos e guardar as roupas de cobiças alheias, enquanto se desenrolavam os encontros.

As regras utilizadas na maior parte dos desafios estavam ainda muito pouco definidas. Os jogos, na sua maioria, não começavam à hora marcada: era preciso esperar que os jogadores chegassem, se equipassem, se escolhesse o árbitro para dirigir o desafio. A duração deste variava consoante a disposição do árbitro e dos próprios jogadores. Estes por vezes interrompiam o jogo, ou porque se magoavam, ou porque contestavam as decisões tomadas pelo juiz da partida. Havia mesmo jogos que não atingiam o tempo regulamentar dos 90 minutos, porque os jogadores zangados se recusavam a continuar. Frequentemente se levantavam conflitos e suspeições devido ao facto de o tempo de duração das duas partes de 45 minutos separadas por um intervalo de 5 minutos, não ser respeitado pelos árbitros. Os próprios árbitros tinham por vezes comportamentos anárquicos, regendo-se mais pelos seus impulsos e caprichos do que pelas regras do jogo.

A Voz Portalegrense, em 1931, referia que um árbitro tinha abandonado o campo ao 39 minutos por causa de um grito de fora o árbitro lançado por um espectador para dentro do campo, sendo substituído por outro para que se pudesse acabar o desafio. Noutro caso, um desafio esteve interrompido muitos minutos porque os jogadores de uma equipa, não concordando com a marcação de um penalty chutavam a bola para longe sempre que o árbitro a colocava na marca de grande penalidade e, por isso, a segunda parte do jogo durou 53 minutos.

Os jogadores jogavam quando lhes apetecia, sendo por vezes difícil, ou mesmo impossível, constituir equipa para jogar.

Num jogo em Elvas, em 7 de Dezembro de 1930, entre os seniores do Sporting Club Elvense e os do Sport Lisboa e Elvas que eram na época os dois maiores clubes da cidade, apesar de o Sport Lisboa ter avisado por carta que não podia comparecer, a outra equipa entrou em campo, alinhou, o árbitro deu início à partida, marcaram dois golos na baliza deserta para confirmarem que ganhavam o jogo e o árbitro deu por findo o desafio.

A Voz Portalegrense de 12 de Fevereiro de 1933, a propósito de um jogo entre o Sport Club Estrela de Portalegre e o Lusitano Ginásio Club de Évora escrevia que quanto às condições de substituição ficou combinado o seguinte: substituir apenas os jogadores que se magoassem, não voltando depois ao terreno.

Ora, o Lusitano não cumpriu o combinado e substituiu durante o encontro alguns jogadores sem estarem magoados, por estarem a jogar mal e alguns dos jogadores substituídos voltavam depois ao campo, saindo os que os tinham substituído, ou os que melhor lhes conviesse.

Este testemunho revela com toda a clareza e sem equívocos quanto eram ainda imprecisas as regras do futebol que se praticava na maior parte das terras de Portugal.

Várias condições e factos ajudam a explicar a relativa lentidão da implantação do futebol a nível nacional. O país, até à década de 60, careceu de meios de transporte que permitissem a fácil deslocação das equipas. Os custos e o desconforto dessas deslocações desmobilizavam as vontades e impediam o alargamento das competições a vastas zonas do território nacional. Viajar pelo país era então uma aventura de respeito que exigia recursos, tempo e capacidade de resistência. Qualquer viagem de média distância demorava horas e, quase sempre, teria de ser feita em condições de muito pouco conforto. Os veículos eram ainda rudimentares e as estradas eram de má qualidade.

No Distrito de Portalegre, nos anos trinta, as vias de comunicação e os transportes tornavam muito difíceis os contactos e as deslocações.

Segundo A Voz Portalegrense, em 1932 o caminho de ferro ainda não tinha chegado a Portalegre e ainda se punha em dúvida se a linha não iria parar no Crato.

No que respeita às estradas as suas condições eram tão limitadas que nos meses de inverno se tornavam intransitáveis. Campo Maior não tinha acesso directo à capital de distrito; as estradas até Arronches, Degolados e Santa Eulália, só podiam ser praticadas em poucos meses do ano.

Em 1933, um combóio que saía de Lisboa às 14 horas e 45 minutos, chegava a Elvas quase oito horas depois, às 22 horas.

Os clubes eram muitos. Mas, a maioria deles, eram de muito pequena dimensão. As equipas circunscreviam-se aos onze jogadores que se equipavam para jogar. Muitas vezes, os mesmos acumulavam as funções de direcção e de gestão das coisas do clube. Os próprios jogadores compravam e cuidavam dos seus equipamentos.

A maioria desses clubes desapareceu quase sem deixar rasto. Os que sobreviveram tiveram sortes diversas. Enquanto uns chegaram aos escalões superiores ganhando projecção nacional, outros continuaram a militar nos escalões inferiores de expressão meramente local.

Fazendo uma pesquisa sobre os clubes que actualmente integram as três divisões maiores dos nossos campeonatos (I e II Ligas e II Divisão B) verifica-se que, a maior parte deles, foram fundados antes de 1930, com particular incidência nos anos 20, período em que se constituíram também a maior parte de associações distritais de futebol. Só então estiveram criadas as condições para a organização dos campeonatos.

Os últimos anos da monarquia e as quase duas décadas que durou a República, foram bastante férteis no que respeita à prática desportiva, particularmente a do futebol.

Foi sobretudo nos anos 20 que se assistiu a um verdadeiro renascimento do futebol em Portugal. Nos grandes centros urbanos, as associações locais de futebol começaram a organizar campeonatos, taças e outros torneios. Os jogos de futebol começavam a atrair multidões, embora muitos campos, mesmo em Lisboa, fossem ainda improvisados em terrenos baldios, em locais de feiras e mercados, em paradas de aquartelamentos militares, em espaços industriais e em praças públicas. Mas começaram a aparecer os primeiros espaços desportivos concebidos e equipados para a prática do futebol, garantindo condições minimamente aceitáveis tanto para os praticantes, como para os espectadores.

Fizeram-se os primeiros ensaios de selecções nacionais para jogos com equipas estrangeiras, embora esses teams encarregados de representarem o país, fossem quase exclusivamente constituídos por jogadores dos clubes de Lisboa. Num jogo disputado em 18 de Dezembro de 1921, a equipa portuguesa integrava jogadores do Sporting Club de Portugal, do Sport Lisboa e Benfica, do Casa Pia Atlético Club, do Club Internacional de Futebol, todos clubes da capital, e apenas um jogador do Futebol Club do Porto que, significativamente, antes tinha jogado num clube de Lisboa. Neste tempo, ainda que de forma camuflada, surgiram as primeiras tentativas de aliciamento dos melhores jogadores pelos melhores clubes que lhes ofereciam compensações económicas, constituindo-se assim os primeiros ensaios de profissionalização dos jogadores.

Em 1922 disputou-se o primeiro Campeonato de Portugal, entre o Sporting Clube de Portugal e o Futebol Clube do Porto tendo sido disputado em duas mãos com um terceiro jogo para desempatar.

Em 1923, Portugal que era membro provisório da FIFA desde 1914, oficializou a sua integração neste organismo internacional.

A partir de 1923, com a generalização das Associações de Futebol, o Campeonato de Portugal pôde alargar-se a outros clubes como o Olhanense, campeão em 1924, o Marítimo, campeão em 1926, o Belenenses em 1927 e 1929 e o Carcavelinhos em 1928. O Sporting foi campeão em 1923 e o Porto em 1925.

No mesmo dia em que terminou a 1ª República derrubada pelo golpe militar do 28 de Maio de 1926, a União Portuguesa de Futebol deu lugar à Federação Portuguesa de Futebol , organismo que passava a superintender em todas as questões deste desporto, incluindo a organização dos campeonatos tanto a nível nacional como internacional.

Na década de 20 surgem também os primeiros grandes ídolos da bola como Francisco Stromp e Jorge Vieira no Sporting, Cândido de Oliveira no Casa Pia e Pepe no Belenenses. Aliás, este fenómeno foi em grande parte impulsionado pelo aparecimento dos chamados rebuçados da bola, os pequenos caramelos vendidos a preços acessíveis, embrulhados em pequenos rectângulos de papel com fotogramas dos jogadores: os famosos bonecos da bola. Estes bonecos, coleccionáveis em bonitas cadernetas, surgiram com os clubes de Lisboa em meados dos anos 20 e depressa se divulgaram por todo o país, as equipas que disputavam a 1ª Divisão Nacional. Os bonecos vão ter uma aceitação tão grande que, desde meados dos anos 20 até aos anos 50, vão constituir a maneira mais eficaz de levar a todos os recantos o conhecimento físico das equipas e dos jogadores, num tempo em que a rádio se começava a divulgar transmitindo os relatos em directo dos encontros, mas em que ainda nem sequer se falava da televisão. Num tempo de grandes dificuldades económicas, num tempo profundamente marcado pela guerra, os bonecos eram cuidadosamente empilhados, guardados como pequenos e preciosos tesouros nos bolsos dos calções. Estabelecia-se uma verdadeira bolsa de trocas porque havia bonecos mais difíceis de obter e que, por isso, chegavam a valer por dez ou mais dos outros. Eram também utilizados como valores que se arriscavam em jogos de azar ou sorte como o berlinde, o pião, as cartas, o rapa-tira-põe. Este mercado permitia aos menos favorecidos obterem as figurinhas que os mais abonados possuíam com maior abundância. Todos os meios eram lícitos para se atingir o objectivo fundamental: completar a caderneta. Na verdade apenas um podia chegar a completá-la porque o famoso número da bola só vinha num dos rebuçados e eram os mais dotados de dinheiro que podiam arrematar o fundo da lata. Conseguia-se assim obter o mais desejado dos prémios: uma bola de couro e cautechu, igualzinha às que eram usadas nos jogos à séria. Daí que os famosos bonecos, ao mesmo tempo que divulgavam os Peyroteos, os Espirito Santos, os Matateus, os Travassos e os Arsénios, cumpriam uma outra função de divulgação do futebol: espalhar pelo país as bolas que permitiam praticar o jogo em situação aproximada à preconizada pelas regras, o que era muito importante numa época em que predominava a redondinha de trapos.

Os jornais começavam a ter uma certa influência sobre as classes médias letradas, levando a todo o país as novidades que antes só chegavam às principais cidades da faixa litoral. Mas, por outro lado, o isolamento a que as terras do interior estavam condenadas, devido às dificuldades de comunicações e de deslocação das pessoas, levou-as a terem de desenvolver localmente a sua própria cultura criando estruturas e meios de convivência, como as associações recreativas, os jornais locais e os clubes desportivos. Esse isolamento levou também à intensificação dos contactos com as povoações que ficavam mais próximas e com maior acessibilidade. Esses movimentos locais foram-se atenuando ao longo dos anos 30 porque o regime político saído da Revolução de Maio de 1926 não via com bons olhos estas manifestações de massas, olhando com desconfiança todas as manifestações de regionalismo e de cultura popular que, como o futebol, provocavam grandes ajuntamentos e despertavam grandes paixões. Só muito mais tarde o regime se aperceberia de que podia usar o futebol com objectivos favoráveis aos seus desígnios políticos.

Nos finais dos anos 20, princípios dos anos 30, outras razões colocavam o futebol sob suspeita. Eram tempos de crise económica. Começara nos Estados Unidos com o Crash da Bolsa de Nova York e alastrara a todas as partes do mundo. A Europa, já debilitada com as consequências da 1ª Grande Guerra, viu a situação agravar-se quando a América devido ao desmoronamento da sua economia, adoptou uma política proteccionista reduzindo ao mínimo as importações. Portugal, com uma economia de quase subsistência, viu agravar-se o seu quadro geral de miséria. O poder político de cariz fortemente conservador e repressivo, tornava impossível qualquer tipo de reivindicação organizada. O trabalho era pouco, mal remunerado e muito esforçado. A prática do futebol tornava-se difícil para os elementos das classes trabalhadoras. Os corpos, mal alimentados, mal suportavam o esforço laboral quanto mais o complemento de carga implicado nas competições desportivas. A tuberculose grassava e, por todo o lado, se constituíam enfermarias de isolamento e sanatórios para cuidar dos infectados com esta doença de cura difícil.

Nas terras pequenas os clubes tendem a unificar-se . Muitos dos que tinham sido constituídos nas décadas anteriores desaparecem. Outros reduzem ao mínimo a sua actividade, como se hibernassem até à chegada de dias mais favoráveis.

Elvas, por exemplo, que já tinha tido meia dúzia de clubes locais, só já tinha dois a concorrerem ao campeonato da sua liga em 1934 e, no ano seguinte, foi preciso constituir um team misto para disputar com o Sporting Club Elvense a representatividade da cidade no campeonato distrital.

Devido a esta tendência geral para a concentração, foi na década de 30 que se constituíram os principais torneios a nível nacional. Com o pós-guerra, nos finais dos anos 40, a situação evoluiu de forma mais favorável para o desenvolvimento da prática desportiva. Por um lado, a situação política tornou-se menos desfavorável. Por outro lado, os transportes passaram a permitir deslocações mais fáceis. As classes médias, na procura de empregos compatíveis com as suas aspirações, saíram para os centros urbanos do litoral. As vilas e aldeias do interior caíram num certo marasmo cultural. Os anos 40 e 50 foram culturalmente muito pobres nos pequenos agregados populacionais. As ondas de choque geradas pela 2ª Grande Guerra contribuíram para o apagamento da vida local, pelas dificuldades económicas que provocaram e porque empurraram as pessoas para a saída dos seus locais de origem à procura de melhores oportunidades de emprego.

Foi nesta nova situação que o futebol encontrou as condições para o seu desenvolvimento que levaram definitivamente ao profissionalismo. Passaria então a desenvolver-se em moldes completamente diferentes. O tempo do amadorismo tinha passado. Os grandes clubes, nas grandes cidades, arrancaram decididamente para se constituirem como grandes empresas destinadas a gerir a prática desportiva. Começou a época dos grandes estádios, do futebol espectáculo e do futebol paixão, capaz de agregar grandes multidões atraídas pela magia que os grandes ídolos traziam ao jogo.





uma obra de Joaquim Folgado e Francisco Galego