No que respeita a Campo Maior, a vila que nos anos 20 tivera algum crescimento bem testemunhado com a construção de novos bairros, fora do perímetro das antigas muralhas, em parte destruídas para que a povoação pudesse crescer, voltou a estagnar no decurso dos anos 30.
Também para o Sporting Clube Campomaiorense, esta década constituiu um período muito obscuro. O clube não participava em campeonatos regionais. Limitava-se a esporádicos desafios com agrupamentos de terras vizinhas. Não tinha campo em condições e os transportes difíceis tornavam impraticáveis as deslocações mesmo a curtas distâncias.
Com a construção do campo da bola a que foi dado o nome do seu promotor – Capitão César Correia – que o construiu para ser utilizado por uma equipa da Casa do Povo, de acordo com as orientações da política corporativa do salazarismo – tornou-se possível para o Campomaiorense aspirar a voos mais ambiciosos, porque o seu presidente de então teve a inteligência e a habilidade diplomática para tornar o novo campo acessível aos treinos e jogos do clube.
Na década de 40, o Sporting Clube Campomaiorense pôde finalmente filiar-se na Associação de Futebol de Portalegre. Consegue o êxito retumbante de ascender à II Divisão que disputa desde a época de 1945/46 até à de 1950/51, época em que desce à III Divisão Nacional que se tinha começado a disputar desde a época de 1947/48. Disputa a III Divisão durante a decada de 50.
Na década de 70, o Campomaiorense consegue fixar-se definitivamente nos campeonatos nacionais de futebol, permanecendo na III Divisão até à época de 1989/90.
Não era fácil, nesta altura, manter um clube a disputar um campeonato nacional, devido aos condicionalismos financeiros, e só devido à carolice de alguns dirigentes, que muito deram ao clube, era possível continuar na competição. Com a Revolução de 25 de Abril de 1974 de permeio, o Campomaiorense começa então a recrutar jogadores oriundos de outras localidades.
As condições financeiras do clube eram poucas para poder sustentar atletas a título profissional. Havia que encontrar soluções, e verifica-se então um fenómeno, que era comum a outros clubes na altura: como o clube não podia suportar os ordenados dos jogadores, era-lhes proposto um emprego nas fábricas de torrefacção de café. Era uma óptima solução que permitia ao clube dispôr de atletas sem ter qualquer encargo. Muitos desses atletas acabaram por se radicar em Campo Maior, onde, ainda hoje, têm a sua vida profissional e familiar estabilizada.
Foi assim que o Campomaiorense, sob a presidência de Manuel Rui Azinhais Nabeiro (1973/90), conseguiu permanecer na III Divisão Nacional durante 18 épocas consecutivas, de 1973 a 1990.
Bem poderemos afirmar que a década de 90, foi a “década de ouro” para o Sporting Clube Campomaiorense.
É precisamente a partir da época 1990/91 que se verifica uma aposta forte no futebol em Campo Maior. Rui Nabeiro deixa a presidência do clube, passando a presidente honorário, sendo sucedido pelo seu filho, João Manuel Nabeiro, actual presidente do Campomaiorense. Com o apoio das empresas, João Manuel Nabeiro tinha objectivos bem definidos para o Sporting Campomaiorense: levar o clube ao mais alto nível do futebol em Portugal.
E o objectivo foi conseguido. Em apenas cinco anos, o Campomaiorense conseguia chegar à Primeira Divisão. Tudo começou na época de 1990/91, com a subida à II B. Na época seguinte, 1991/92, o Campomaiorense conseguiu a ascensão à II Divisão de Honra, classificando-se em primeiro lugar. No final dessa época, disputando o título de campeão nacional da II Divisão, o Campomaiorense venceu todos os jogos e sagrou-se campeão, embora na secretaria lhe fosse retirado esse mesmo título, devido a um problema de ordem burocrática e não desportiva.
Na II Divisão de Honra, a partir da época 1992/93, o Campomaiorense começou então a criar estruturas para poder dar “o salto”. Foi na época 1994/95 que o clube apostou na subida à primeira divisão. Houve festa em Campo Maior. O objectivo foi conseguido, pela mão de Manuel Fernandes. O nome deste treinador vai ficar para sempre ligado à história do clube, por ter sido o primeiro a conseguir levar o Campomaiorense à primeira divisão.
Na época de 1995/96, na primeira divisão, o clube pagou um pouco o preço da inexperiência na alta roda do futebol e acabou por descer de divisão. Mas a aposta da direcção mantinha-se e, na época seguinte, agora pela mão de Diamantino Miranda, o Campomaiorense conseguia ascender novamente ao escalão máximo do futebol português, sagrando-se simultaneamente campeão nacional da II Divisão de Honra.
Desde então, época 1997/98, que o Campomaiorense permanece no convívio com os maiores do nosso futebol. Agora, que entrámos no novo milénio, e depois de nova descida à II Liga, esperamos que o Campomaiorense possa, já esta época, regressar ao convívio dos grandes do futebol português.
João Nabeiro e Diamantino Miranda erguem a Taça de Campeões nacionais da Divisão de Honra
Manuel Fernandes, o primeiro técnico a conseguir levar o Campomaiorense à 1ª divisão nacional
Sporting Clube de Portugal esteve no jogo da consagração para entrega das faixas aos campeões
Comendador Rui Nabeiro também recebeu a faixa de campeão
João e Rui Nabeiro (filho e pai) com as faixas de campeões
Na subida houve festa no relvado e......
...nas bancadas
uma obra de Joaquim Folgado e Francisco Galego