domingo, 26 de julho de 2009

21- Um clube com dois símbolos

O clube em 1926 nasceu, pelo nome, pelas cores e pelos símbolos, ligado à imagem do Sporting Clube de Portugal, mas não há referência explícita de que se tenha de imediato constituído como filial do clube de Lisboa. Contudo, tudo leva a crer que foi quase coincidente com a sua fundação, a sua constituição como a 27ª filial do Sporting Clube de Portugal, que ainda hoje e mantém.

Com o passar do tempo, e com o acumular de êxitos na caminhada do clube, culminada com a chegada até à primeira divisão nacional, começou a ser lançada a ideia da auto-identificação do clube. Um clube que, por si só, e as expensas próprias, tinha conseguido atingir o patamar mais elevado do futebol nacional, não podia ser identificado com uma imagem pertencente a um outro clube. “Inovar para ganhar, honrando o passado”, era esta a ideia chave para que fosse criada uma imagem própria do clube.

Segundo a edição de 22 de Abril de 1998 do Notícias de Campo Maior, João Manuel Nabeiro referia na altura que o projecto consistia numa vontade de mudar, de personalizar o clube e que achamos irá representá-lo, tornando-o mais ambicioso e conseguir ter sob um símbolo, toda uma região que é o Alentejo”.

Com efeito, no ano de 1997, aquando da apresentação do plantel para a temporada 1997/98, a direcção começou a lançar publicamente a ideia da criação de um novo símbolo para o clube. O símbolo escolhido foi o galgo, pelo que a campanha lançada era, na altura, conhecida como Galgomania. A ideia estava criada, era preciso lançá-la junto dos sócios e da opinião pública. Foi então, já em 1998, que a direcção do clube apostou tudo nesta ideia. À entrada do estádio, nos dias dos jogos, começaram a ser distribuídos folhetos já com o novo símbolo do clube e nos quais se podia ler: Desejamos que 1998 seja o ano da confirmação do Sporting Clube Campomaiorense na 1ª divisão nacional e o ano da mudança em termos se símbolo do nosso clube. Vamos todos dar as mãos em torno de uma causa que, a pouco e pouco, a todos nos pertence A GALGOMANIA. 1998 poderá marcar decisivamente o Campomaiorense, catapultando-o para um lugar simpático dentro do futebol português, mas para isso, os campomaiorenses em particular e todos os alentejanos em geral, terão que estar unidos à volta de um mesmo símbolo.

Com a mudança do símbolo do clube, para além de uma imagem própria, a direcção do clube propunha-se reunir em torno desta ideia, toda uma região alentejana que, em termos desportivos, tinha o Campomaiorense como expoente máximo. Daí uma das frases emblemáticas utilizadas: “Campomaiorense, mais que um clube, uma região”. Com este projecto o Campomaiorense queria-se, então, preparado para o futuro, assumindo uma mudança que prezava, acima de tudo, um espírito original, uma história e valores tão característicos das gentes do Alentejo como a perseverança e determinação.

Tudo começou com a Assembleia Geral realizada no dia 17 de Janeiro, na qual foi votada a alteração do artigo 54º dos Estatutos, artigo esse que previa a unanimidade nas votações para alguns dos artigos dos próprios Estatutos, nomeadamente no que dizia respeito à heráldica do clube, sua bandeira, símbolo, nome, etc. Estavam estão criadas as condições para que o projecto da Galgomania fosse avante.

Depois de muita celeuma gerada em torno desta questão, finalmente no dia 2 de Maio de 1998, a direcção levou a proposta à consideração de uma Assembleia Geral Extraordinária, cuja ordem de trabalhos tinha no seu ponto único a apresentação, discussão e votação da proposta da direcção para alteração do artigo 10º, capítulo II dos Estatutos do clube. A direcção conseguiu encontrar uma solução para este caso que fez levantar muita polémica entre os sócios e simpatizantes do clube.

O referido artigo 10º versava: “O distintivo é de pano verde cortado em oval, orlado a branco ou preto, consoante as imposições do equipamento adoptado, tendo ao centro o leão simbólico e as iniciais em branco, e é usado no lado esquerdo do peito, em todos os equipamentos que o permitam, podendo os demais alterar a coloração de acordo com a sua especial configuração, sempre obedecendo às opções tradicionais”. A proposta então apresentada pela direcção, numa tentativa de consenso entre todas as opiniões sobre a mudança do símbolo, em vez de alterar o referido artigo, apenas veio acrescentar mais um parágrafo: Poderá o clube utilizar ainda um outro distintivo de pano verde, cortado em circular, orlado a branco ou a preto, tendo ao centro o galgo em posição de corrida e as iniciais em branco”. O clube passou assim a ter dois símbolos, o que é uma situação sui generis, mas que, simultaneamente respeita o passado projecta o futuro.

Para além do novo símbolo, nos Estatutos do clube, ficou também consagrada a possibilidade de utilizar as cores amarelo torrado e grená, para além das tradicionais verde e branca. A verdade é que os sócios aprovaram estas alterações e, hoje em dia, o Campomaiorense, é conhecido como o Clube do Galgo.


Símbolo antigo Símbolo novo





uma obra de Joaquim Folgado e Francisco Galego