domingo, 26 de julho de 2009

20- Taça de Portugal

Na década dourada (anos 90) do Sporting Clube Campomaiorense, para além da subida à primeira divisão, um outro feito inédito foi conseguido. Na época de 1998/1999 o Campomaiorense conseguia chegar pela primeira vez à final da Taça de Portugal, a prova rainha do futebol português. Foi o realizar de um sonho alimentado, durante muitos anos, pelo presidente do clube, João Manuel Nabeiro.

Em toda a sua história, nesta época, era a vigésima nona vez que o Campomaiorense participava na Taça de Portugal. Não foi fácil o percurso até chegar à final, tendo para isso que superar cinco eliminatórias. Tudo começou com a eliminação do Sporting de Braga em casa, seguindo-se o Penafiel, fora. Nos oitavos de final o sorteio ditou a deslocação a Alverca, onde o Campomaiorense conseguiu vencer de uma forma concludente. Já nos quartos de final, surgiu mais uma deslocação, desta feita ao terreno do Marítimo, na Madeira. Nesta partida o Campomaiorense conseguiu um empate a duas bolas, forçando um segundo jogo de desempate em Campo Maior. No Estádio Capitão César Correia, os então pupilos de José Pereira, conseguiram ultrapassar este difícil adversário na conversão de grandes penalidades. Estava assegurada a participação nas meias finais da competição. Nesta altura toda a gente acreditava que o Campomaiorense ia estar presente na final da competição.

Realizado o sorteio, calhou em sorte a deslocação até Esposende para defrontar a equipa local. Imediatamente se organizaram excursões para levar os adeptos até Esposende para apoiar a equipa. No dia do jogo, que foi transmitido em directo pela Sporttv, a vila de Campo Maior, praticamente, parou, com toda a gente de olhos postos no pequeno ecrãn, alimentando o sonho de chegar ao Jamor. E o sonho acabou por se tornar realidade, com o Campomaiorense a vencer o Esposende e a assegurar um lugar na final da edição n.º 60 da Taça de Portugal, juntamente com o Beira Mar. Foi um feito inédito uma vez que o Campomaiorense era a primeira equipa alentejana a conseguir chegar a uma final da Taça.

Toda a gente exaltava de júbilo com esta proeza. No dia seguinte, quando o autocarro que transportava os atletas chegou a Campo Maior, foi o delírio. Nem a chuva torrencial, que se abatia sobre a vila, conseguiu desmobilizar os milhares de apoiantes que esperavam pelos seus ídolos. Nunca uma tão grande manifestação de apoio se tinha verificado em Campo Maior. Estávamos então a cerca de um mês e meio da grande final, que se disputou no dia 19 de Junho no Estádio do Jamor.

A partir daí começou a ser montada uma grande operação que pretendia levar até ao Jamor todo o Alentejo em apoio, não só do Campomaiorense, como também de toda uma região. A Delta Cafés em conjunto com o clube lançaram “mãos à obra”, desenvolvendo acções de mobilização de todos os campomaiorenses, em particular, e alentejanos em geral. No dia 19 de Junho de 1999, o Alentejo marcou presença no Vale do Jamor. Foram muitas centenas de autocarros e automóveis particulares que levaram muitos milhares de Alentejanos para a festa do futebol. Os milhares de adeptos que apoiaram o Campomaiorense constituíram uma impressionante moldura humana nas bancadas do Estádio Nacional.

Foi impressionante, espectacular, extraordinária a festa que aconteceu no dia 19 de Junho no Jamor. Os objectivos haviam sido cumpridos. Todo o Alentejo se mobilizou em torno de um clube da região, fazendo juz ao slogan do Campomaiorense “mais do que um clube, uma região”. Todos equipados a rigor, com t-shirt’s, cachecóis e bandeiras, a indispensável geleira com o petisco, e boa disposição quanto baste, lá foram os alentejanos para o Jamor. Logo ao princípio da manhã, no Jamor, o ambiente já era de festa, com o “Arraial Alentejano”, promovido pela Delta Cafés, patrocinador do clube, já preparado. O cheiro das sardinhas e febras assadas fazia-se sentir e, no palco, começavam a ouvir-se as vozes dos artistas alentejanos que se juntaram a esta manifestação. Milhares de alentejanos, vindos de todos os cantos do país, e inclusivamente do estrangeiro, encontraram-se numa festa que era a sua, bem ao seu jeito, com simpatia, humildade, fraternidade e, acima de tudo amizade.

No final, o Campomaiorense acabaria por sair derrotado pelo Beira Mar, por uma bola a zero. Os aveirenses souberam aproveitar bem a oportunidade que tiveram, deixando o amargo sabor da derrota numa equipa que foi sempre superior ao seu adversário durante o jogo. Só faltou mesmo, para a festa ter sido completa, que a Taça tivesse vindo para Campo Maior, e este povo bem o merecia, mas o futebol é assim, não se pode ganhar sempre. Apesar de tudo houve festa, e o Alentejo mostrou que quando quer, sabe unir-se em torno e na defesa daquilo que é seu. Ficou o exemplo.

Sob o comando de José Pereira, a equipa do Campomaiorense alinhou da seguinte forma: Poleksic, Quim Machado, René Rivas, Marco Almeida, Basílio (Vítor Manuel, 64 m.), Rogério Matias, Mauro Soares, Nuno Campos, Isaías (Welington, 55 m.), Laelson e Demétrios.



Equipa que disputou a Taça de Portugal em 1998-99


Campo Maior esteve presente na final

Alentejo em força no Jamor


Não faltou a festa no Jamor

A festa começou na viagem


Presidente da República entregou troféus


Jogadores receberam prémio


uma obra de Joaquim Folgado e Francisco Galego