Embora tenham sido levantadas algumas reticências, a autarquia apresentou alternativas e assegurou que, na próxima época desportiva, os clubes terão condições para a prática do futebol no complexo dos Assentos.
Mata Cáceres recordando que esta decisão, que fazia parte do seu manifesto eleitoral foi "analisada e ponderada". Fez questão de sublinhar que o Estádio não será demolido "por uma questão de birra ou de prazer", até porque "partimos para esta decisão porque o contexto e a prática desportiva que queremos tentar ajudar a desenvolver em conjunto com todas as instituições, passa por um conjunto de decisões que nos obriga a rentabilizar melhor aquilo que temos a responsabilidade de gerir".
Note-se que, primeiramente a decisão da demolição tinha em vista "rentabilizar para fazer um parque desportivo muito mais ambicioso". Mas tal não foi possível, porque o secretário de Estado do Desporto "já disse que não há financiamento para fazer mais campos de futebol", explicou o edil. Surgiu, posteriormente, a possibilidade de aí construir uma escola de referência, oportunidade essa que a edilidade não quis perder.
Neste sentido, e garantindo que a demolição do complexo Municipal "vai ter a substituição por outro", Mata Cáceres sossegou os presentes ao declarar que está convicto que, no início da nova campanha desportiva (Agosto), as estruturas que têm de surgir em alternativa irão emergir. "Não somos suficientemente levianos para pensar demolir uma estrutura desta natureza sem proporcionar soluções àqueles que detêm a prática da modalidade desportiva relacionada com o futebol. Estou perfeitamente convencido que no início do ano desportivo que aí vem iremos ter esse espaço, até porque estamos a falar de obras simples de fazer, desde o arrelvamento do campo, até ao aumento dos balneários", afiançou.
Mata Cáceres mostrou-se convencido de que esta mudança vai"gerar algumas situações", mas sublinhou que a autarquia está a desenvolver todos os esforços para que nada possa prejudicar o desempenho normal da actividade desportiva em Portalegre. "Estou em crer que não vai haver nenhuma quebra de ritmo, continuidade ou impedimento da prática desportiva", disse.
Assumindo que com a demolição do actual Estádio Municipal "não vai haver diminuição de estruturas para a prática desportiva", o edil portalegrense assegurou que "vamos colocar à disposição dos mesmos atletas outro campo, vamos acrescentar mais um para a prática desportiva e vamos ter de reserva a possibilidade de construir um outro pelado, logo que for evidenciado como necessário com outro sistema de relva idêntico ao lado daquele que lá está, suprimindo um bocado do kartódromo".
Frisando que o desporto "não é só o campo de futebol ou a prática do futebol", dado que "há um conjunto de modalidades e equipamentos que são utilizados de uma forma bastante regular", o vereador José Polainas sublinhou que o ano que se avizinha "não será isento de dificuldades". Contudo, e defendendo uma união de esforços, o vereador atestou que a prática desportiva de todos os escalões, desde as escolas até aos seniores, "está assegurada" na próxima época.
Debruçando-se sobre as alterações que, dentro em breve, ocorrerão no Estádio Eduardo Sousa Lima, José Polainas adiantou que no actual campo de treinos será colocada relva sintética para a prática desportiva desde o rugby ao Futebol de 7. A obra terá um custo de 359 mil euros e tudo indica que estará concluída em Maio. Ao lado do campo de treinos "irá surgir o campo pelado", disse o vereador, acrescentando que, para esta zona da cidade, está também prevista a construção de um parque radical e ainda um complexo de estrutura dedicada ao ténis.
O kartódromo irá desaparecer e, assim, serão ampliados os antigos balneários.
O actual campo sintético será "re-intervencionado e reposicionado em termos técnicos", disse José Polainas, vincando que, nesta estrutura, "não vai haver mexidas estruturais ou funcionais no seu posicionamento".
A concluir, o vereador do Desporto fez questão de lembrar que, o campo Eduardo Sousa Lima, desde o seu princípio, "teve alguns problemas de adequabilidade e implantação, porque na altura alguém se esqueceu de um conjunto de pressupostos que deveriam ter sido colocados em cima da mesa".
Na sua intervenção, Mata Cáceres garantiu que o campo sintético que se encontra ao lado do actual Estádio Municipal (conhecido como campo de treinos) vai continuar a funcionar, assim como todas as infra-estruturas desportivas que se encontram neste espaço, mesmo durante as obras que irão dar origem ao aparecimento da Escola de Referência.
O autarca fez questão de afirmar que também toda a estrutura desportiva que vai fazer parte da Escola vai ficar à disposição da comunidade. "Temos de nos habituar a ter planeamento e organização, pois não somos suficientemente ricos para ter um campo para cada um", declarou.
Clubes da cidade não escondem preocupação
João Martinho, presidente do Sport Clube Estrela
"Temos de ter paciência"
"Não vai ser fácil, mas o presidente da Câmara já nos garantiu o espaço para praticarmos desporto e temos de ter confiança. Dá pena a demolição do estádio, mas penso que também será bom para a cidade. Temos de ter paciência"
Mário Frutuoso, presidente do Grupo Desportivo Portalegrense
"Ninguém pensa no futebol"
"Estou apreensivo, mas não avesso ao progresso e, em nome disso, o nosso Estádio deverá ser demolido, mas sem nunca por em causa ou penhorar o futuro dos nossos atletas na actividade do futebol. Acho que a modalidade pretende ser recalcada na nossa cidade porque, se o nosso estádio for demolido, será feito o arrelvamento sintético do actual pelado. E Acho que não será possível as 12 equipas que existem na cidade, de futebol de 11, treinarem durante a semana e jogar ao fim-de-semana, pois pelo menos seis jogam em casa. Daí que fico preocupado. O Desportivo não é avesso à demolição do Estádio, temos é que criar condições, mas aí é que não vejo um projecto com pés e cabeça e isto não vem deste executivo, mas de outros atrás. Ninguém pensa no futebol. Os concelhos à nossa volta já todos vão tendo um sintético e agora não queiram por os nossos atletas do futebol a treinar cantos sem áreas e com balizas de rugby. O futebol não pode ser recalcado em nome de outras modalidades"
Rui Tavares, representante do Portus Alacer
"Sacrifícios temos de fazer todos"
"Temos consciência que, para o ano, vai ser mais complicado do que tem sido nestes dois últimos anos da nossa existência mas, como pessoas sociáveis que somos, temos capacidade de nos entender, conversando e arranjando tempo para todos. Apesar de termos menos atletas, queremos ter as mesmas condições que os outros clubes e temos vontade de crescer. Não temos receio de andar com a baliza às costas, pois já andamos este ano. Sacrifícios temos de fazer todos".
Francisco Barbado, presidente do Clube de Rugby de Portalegre
"A oferta fica com mais qualidade"
"O nosso clube não se opõe à destruição do actual estádio municipal, com quem apenas temos uma ligação meramente afectiva, pois foi lá que começámos há três anos. Vemos agora a nossa passagem para o Estádio dos Assentos. Vai ser criado um campo de rugby de raiz e, actualmente, estamos a jogar num campo relvado. Em relação a centralizar toda a infra-estrutura de Portalegre no Estádio dos Assentos, a nível de planeamento, parece-me bastante correcto. A oferta fica com mais qualidade. Agora, em relação à quantidade de atletas que existem em Portalegre, acho que vai ser complicado porque há muita gente a praticar desporto. Mas creio que, se for bem gerido, há espaço para todos. Devemos dar o benefício da dúvida à autarquia, ajudar e falar para criarmos condições para todos praticarmos desporto".
Dinis Santana, representante do Departamento de Futebol do Estrela
"Concordo e discordo com a demolição"
O Estádio Municipal tem sido um ícone da nossa cidade. Agora não temos espectadores, mas aquele estádio já encheu, já teve 12 mil pessoas. Mas agora o nosso parque desportivo está completamente obsoleto, até no campo dos Assentos o relvado nasceu torto, não presta, nem tem sistema de rega. Concordo com a demolição, até porque sou pai e os meus filhos estão em idade escolar e quero o bem para eles. Não vamos ter nenhumas condições nos Assentos para todos os clubes. Criem as condições que quiserem, mas naquele espaço não há condições. O espaço que os Assentos nos oferece em termos físicos é insuficiente e eu lamento ver desaparecer este campo, porque toda a história desportiva da cidade está ligada a este estádio".
Mas sou totalmente contra a demolição do estádio. Sou a favor da sua reformulação do campo. Gostava de ver uma intervenção no espaço físico, sou a favor da construção da escola mas num outro local. Gostava de lá ver nascer um campo de futebol com relva natural para poderem vir cá selecções"
Pedro Barbas, responsável do Departamento Jovem do Portalegrense
"Os tempos de existir um campo para uma equipa já lá vão"
"A minha preocupação passa por organizar os horários dos jovens no Estádio dos Assentos, mas penso que tudo se vai resolver. Penso que os tempos de existir um campo para uma equipa já lá vão, hoje em dia tudo tem de ser muito bem rentabilizado e estruturado. Terá de haver uma união entre todos com a passagem para os Assentos e toda a maneira de treino das equipas terá de ser estruturada. As condições não serão as ideais para determinados tipos de treinos, mas são as que existem e com as quais vamos ter de trabalhar. Tem de haver diálogo, boa compreensão e trabalho de casa que às vezes é o que não é feito"
Vítor Silva, presidente das Velhas Guardas de S. Mamede
"A demolição deveria ocorrer depois de construído um campo de raiz"
"Realizamos cerca de 20 jogos por época desportiva em Portalegre, utilizamos as instalações no Eduardo Sousa Lima e no Municipal. É com muito desagrado, como cidadão e como atleta que fui, que assisto à demolição do Estádio. É triste ver desaparecer aquele campo de futebol que existe há muitos anos e onde vi grandes espectáculos de futebol, com milhares de pessoas. É com grande desagrado que o vejo desaparecer, mas as coisas têm de mudar e se a sua demolição for para uma causa nobre estou completamente de acordo. Apenas concordo que a sua demolição deveria ocorrer depois de construído um campo de raiz no Estádio dos Assentos, pois actualmente as estruturas que lá existem são escassas. Portalegre necessita de mais infra-estruturas desportivas. É preciso a autarquia pensar e construir mais um campo de futebol nos Assentos. São cerca de 600 pessoas a praticar desporto e Portalegre merece mais no campo desportivo"
José João Machado, habitante junto ao Estádio
"É uma tristeza derrubar o Estádio"
"Brevemente vou perder um vizinho. Esta Câmara vai fazer história nesta cidade com a demolição do Estádio, mas vamos ver se a história lhe dará ou não razão. É uma tristeza derrubar o Estádio"
António Oliveira, presidente da Junta de Freguesia de São Lourenço
"Vai ter um reflexo importante a nível da comunidade educativa na nossa cidade"
"Estamos a falar de uma intervenção que se calhar vai ter um reflexo muito mais importante a nível da comunidade educativa na nossa cidade. Falaram dos cerca de 600 atletas que serão afectados com a demolição do Estádio Municipal, mas eu falo dos cerca de mil alunos que vão ser afectados positivamente com a construção de uma nova escola que vai substituir a Praceta e a Cristóvão Falcão que, segundo o Ministério da Educação, não reúnem condições em termos de estrutura e conservação para receber alunos, professores e funcionários. Estas coisas têm de ser analisadas em várias vertentes. Em relação ao desporto, confio que vai haver um trabalho de coordenação entre a autarquia e os diversos clubes, assim como confio que na área da minha Freguesia vão continuar a existir infra-estruturas desportivas ao serviço da escola e da população"
José Matela, representante do Centro Popular de Trabalhadores dos Assentos
"Uma tempestade num copo com água"
"Tem de haver coordenação entre os responsáveis para que tudo corra bem. De futuro isso poderá ser mais difícil. Por vezes faz-se uma tempestade num copo com água. Demolir o estádio é uma pena, mas dou um voto de confiança a todos os responsáveis que tomaram esta decisão e, pelo que percebi, vamos ter mais quantidade e qualidade para que treinadores e directores possam desenvolver o seu trabalho"
R.Portalegre